segunda-feira, 26 de julho de 2010


As pessoas sempre vão embora. O velho clichê bate na porta de todos um dia.
Algumas foram porque eu quis, outras por conta própria, talvez eu até quisesse que fossem, talvez eu até tenha feito elas irem. Mas o fato é que algumas... Algumas retornam, e por mais amargo que tenha sido pra mim e por maior que tenha sido o sentimento de abandono e solidão eu fico feliz, porque posso ao menos fingir ter estado bem durante esse tempo que passaram distante, poder dizer que passei bem e que não preciso de ninguém pra resolver minha vida.
Essa atitude boba faz com que a vergonha que eu tenha sentido de ter sido abandonada alivie um pouco e falte na mente depois de um ou dois dias, é como fazer um monte de besteiras, falar tudo que você queria falar pra alguém na frente de todo mundo em uma festa lotada e depois dizer que estava bêbada. Apesar de não ser desculpa, as pessoas entendem e aceitam. Acontece.
Eu ando com essa sensação estranha de que alguém vai embora, embora de verdade. Essa sensação de quem já tomou uma decisão, mas não percebeu. Uma estranha sensação de que daqui pra frente irei a lugares especiais com alguém que não faz com que eu me sinta assim, que deixarei algumas coisas por fazer e colocarei a culpa no tempo que é curto pra todo mundo. A sensação de que voltarei a viver de desculpas e mentirei um pouco.
Um dia a gente sente necessidade de voltar, para rever algumas coisas, refazer outras e principalmente para ter certeza se foi certo ir embora ou não.
Nem sempre andar pra trás significa falta de prosperidade, às vezes é preciso regredir para poder avançar duas vezes mais.
Acho que vou regredir um pouco para entender as atitudes que tomei, os medos que tenho e a desconfiança que adquiri com o tempo, são coisas que não vieram de agora e que, apesar de terem sido resolvidas no passado, se fazem presente toda vez que entro em alguma relação que haja sentimento e corpo. Palavra e ato, entre homem e mulher.
Em algum momento do lugar que deixei, eu consertei umas coisas e desconsertei outras. Acho que acontece com todo mundo, acho que isso que faz com que, mesmo aos 60, a pessoa não se sinta pronta pra ir embora, ainda ache que muita coisa ficou por acabar. Então a maturidade não existe. É uma prova viva disso, se caso maturidade seja alcançar um nível completo de alguma coisa.
Mas não faço isso pra ser madura, nem pra parecer madura, é que na verdade descobri que o meu objetivo maior aqui, além de tentar ajudar as pessoas que posso, é ser o melhor que eu puder ser. Eu sou uma espécie de mecânica  de alma. Quando tem algo de errado em mim, eu não sossego até resolver. Por isso tenho tanta agonia em saber que errei, que tenho algum problema, porque a cada dia que passa se torna impossível consertar tudo sem desfazer algumas outras coisas. E até quando eu vou desfazer pra poder consertar? O que mais eu vou desfazer pra poder melhorar? Acho que tudo depende do caminho que eu seguir e das pessoas que eu encontrar.
Não sei se quando eu voltar alguém vai sentir a felicidade de poder dizer que não sentiu minha falta e que tem andando muito bem, obrigado, tanto faz, eu sempre levo comigo passado, futuro e presente na mesma sacola, então de qualquer forma nunca estarei sozinha e sempre saberei, em suma, quem eu sou.
Apesar de ir embora muitas vezes e voltar algumas, eu não esqueço de nada e nem de ninguém, o mal do meu alzheimer é ficar parada, enquanto ando as memórias são bem claras, um pouco esquizofrênicas, afinal não consigo consertar sem desconsertar antes.
Aoa que foram e vão, o meu sincero adeus e obrigada. Aos que deixei, fiquem com um pouco do meu coração velho.

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