sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sobre depois de você


Eu durmo mais cedo, acordo mais cedo, entrei pra academia, eu malho, como bem, converso com gente estranha como se tivesse algum interesse em realmente conhecer aquela gente estranha, tomei umas caipirinhas, tonteei as escadas até o quarto algumas três vezes,  me perdi na faculdade, parei de domar a preguiça, não levo nada/ninguém a sério e estou rindo pra caramba.
Mas, principalmente, a sensação de que nada vai dar certo a partir de ontem continua. Não é que eu não transe porque espero ainda poder entrar na redoma de menina-moça que tanto tiveste medo de perder, é que agora parece meio sujo, eu penso antes “daqui a três meses vou me arrepender?” e geralmente a resposta é sim, e tudo tem sido assim depois de você, parece que vou me arrepender de tudo daqui a três meses, não prometo mais nada, não ensaio mais nada, não planejo mais nada, porque daqui há três meses eu vou me arrepender. Eu vou me arrepender de ter dado meu telefone praquele menino bonitinho quase bêbado na festa. Eu vou me arrepender de dizer pra alguém que “dessa vez eu acho que vai”. Eu vou me arrepender de te escrever um texto enorme te xingando e te amando. Porque eu não quero ter de escrever nenhum outro texto com esse título, porque o “depois de alguém” parece sempre um luto eterno e eternizar amor hoje em dia é tão plastificado.
Eu sinto muito por eu não ter dado certo pra você, porque depois de você eu acho que não dou certo com ninguém e ando tentando admitir que talvez o problema de fato esteja comigo, talvez eu não seja tão merecedora de algo tão legal quanto uma pessoa que realmente se importe, e goste, e queira de verdade. Eu sinto muito, porque depois de você eu olhei mais feio pro mundo e percebi que não dá pra nem tentar ser bonita pras pessoas, porque elas sempre te olham feio mesmo.
Depois de você ficou cinza, meio Belém em época de chuva, minha época favorita, não sei se perdi a graça, ou ela que me perdeu. Depois de você fiquei assim, clichê, não sai nada da minha cabeça que preste, nada da minha boca que agrade e eu não confio em ninguém. Menos ingenuidade, menos romance. Porque o lance de amor não nasceu pra se embalar em berço sujo e eu to assim suja, toda suja dos seus gritos, da sua falta de educação, da sua falta de caráter, respingou em mim a parte ruim e depois de você to tentando limpar essas manchas todas e não saem.
Eu não me abalo por nada e tudo de chato que poderia acontecer acontece, e não me surpreende, não me instiga e não me dói. Meus amigos sofrem e eu “é a vida.” E que é bem isso mesmo, aprendi a não bater o pé em caco de vidro, e não creio mais que fazer esforço sob-humano vá me garantir  um história bonita. Lutar para se conseguir o que quer é bem relativo, principalmente quando se trata de meninices, erros bobos, mentiras e traições, isso não foi bem lutar, foi só tortura, pra gente se testar e vê até onde dava pra aguentar o tranco. Talvez tenhamos ficado mais resistentes. Ao amor. 
Depois de tudo, de você estragar tudo porque queria diversão, todas as pessoas que te chamavam pra fazer essas besteiras arranjaram alguém pra cuidar, pra amar e sossegar e as diversões acabaram, e aí bateu saudade, bateu o medo, eu sei. E aí que eu sinto muito porque depois de você eu não quero você de novo.