segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sim, eu havia dado tudo pra ela, dinheiro, casa, roupas, uma vida... Amor. Tudo que uma mulher poderia sonhar e mais um pouco.
O vestido estava colado no corpo impecável, ela andava graciosamente pelo salão o pegando pelo braço, soltava gargalhadas espalhafatosas e arrumava seus cabelos, no dedo o anel que eu tinha dado a ela no nosso aniversário de namoro e que seria substituído por um anel de noivado na semana seguinte. Apesar de estar descalçada, ainda tinha uma boa altura e o olhava nos olhos, muitos já haviam ido embora e creio que só restavam eles... E eu.
Não sabia bem o que esperar, não sabia se gritava o nome dela e a chamava de vadia ou esperaria ela em casa e a encheria de tapas, eram tantas as opções que não me movi, continuei encostado no carro observando ela andar pelo hall do salão, eles desceram as escadas da frente de mãos dadas até chegar ao carro, ele passou a mão por sua cintura e desceu um pouco mais.
Não estava preocupado se eles me veriam ali ou não, talvez até quisesse que isso acontecesse, mas, por conseguinte ele entrou no lado do motorista e arrancou com o carro. Fiquei uns bons trinta minutos parado no mesmo local revivendo aquilo que tinha visto a pouco, me perguntei várias e várias vezes onde tinha errado o que eu deixei de fazer, de falar... De comprar... Foi quando percebi que talvez o problema não fosse comigo, talvez ela não se contentasse com pouco, com o que tinha pra oferecer, uma família e uma vida decente, talvez ela não quisesse isso, não fosse pra ela, e mesmo que não fosse isso justificaria uma traição?
Entrei no carro, liguei o som, respirei e voltei devagar para casa. Chegando lá o carro dela estava na garagem, mas eu sabia que ela não ia estar lá e chegaria em casa com alguma desculpa de ter ido em algum aniversário na casa de uma amiga que morasse perto dali. Acho que sou o mais plausível dos homens por aceitar uma traição de um modo tão passivo... Ou não.
Subi pela escada, o elevador não me daria tempo pra pensar, sete lances de escadas eram o suficiente, entrei em nosso, meu, apartamento e peguei o telefone. Tocou uma, duas, três, quatro:
-Amor? Já em casa? – Hum... ela estava surpresa.
-Já amor e pensei que essa hora você também estaria não é?
-ÉÉ, então, eu tive um probleminha na empresa, a Clara pediu pra que eu terminasse de bater os documentos e agora que eu to saindo.
-Hum... Sabe qual que é o problema amor? – Falei com uma voz bem calma.
-Não amor, o que?
-É que eu acabei de vir da sua empresa e a única pessoa que estava lá era o porteiro.
Um silêncio, o silêncio que delata.O minuto que antecede o fim. É assim que iria terminar uma linda história de amor?