quinta-feira, 29 de abril de 2010

Clichê da vida.

- Ana, preciso te contar uma coisa.
-Conta.
-Sabe ontem? Que eu disse que ia estudar e por isso a gente não podia mais sair?
-Sei.
-Então... Eu menti.
-Eu sei.
-Como sabes?
-Porque não sabes mentir, deixas dúvidas, quem mente tem que pensar em todas as perguntas possíveis.
-Verdade, desculpa Ana.
-E a verdade, por falar nela?
-Bom... Fui encontrar com uma pessoa.
-Uma menina?
-Sim.
-Pra ficar?
-Sim.
-Hum...
-Fala alguma coisa, Ana.
-Mentira é a única coisa que eu não deixo passar, Pedro.
-Poxa, pelo menos eu contei a verdade Ana, eu poderia ter um desconto.
-Sabe, esse que é o problema de muita gente de hoje, acha que verdade é um favor que fazem para as pessoas. A verdade é uma obrigação Pedro, mas as pessoas fogem de obrigação, então inventaram que a verdade era um tipo de compaixão pela pessoa à quem mentiu, mas não é.
-Mas Ana, eu não queria te machucar.
-Claro, porque eu ficaria muito feliz quando daqui a duas semanas, se o encontro desse certo, me trocasses por uma pessoa que pode sempre estar contigo, eu realmente estaria salva de qualquer ferida que pudesses me causar.
-Não, poxa, eu não queria que ficasses chateada e eu nem sabia se o encontro ia dar certo mesmo, tenta entender, a gente nem tem nada Ana, a gente nem pode ficar juntos
-Pedro, eu sempre dei liberdade para contares qualquer coisa para mim, qualquer coisa, podia ser qualquer coisa ruim, mas verdade é primordial em qualquer relação que exista sentimento, qualquer relação.
-Eu sei, desculpa Ana, não pensei nisso.
-Eu tinha o direito de escolher...- algumas lágrimas caiam em seu rosto- Eu tenho o direito de escolher se eu quero ser a segunda opção de alguém ou não, eu tenho direito Pedro. Eu tenho o direito de saber que eu estou sendo trocada, desamada, esquecida, eu tenho o direito de me sentir à vontade para seguir minha vida, eu tenho o direito.
-Mas Ana, a gente tá numa situação assim, sem nomes, sem nada, a gente nem pode se ver... Isso acontece, a gente não combinou nada e podes, sim, viver tua vida, não te impeço de nada.
-Quando a gente gosta de alguém, como eu gosto de ti, qualquer fio de esperança é o que segura a gente até arrebentar de vez. Tá do teu lado, tá tentando tá do teu lado é meu fio, eu tinha o direito de saber que meu fio não adianta mais, que minha esperança é em vão. Eu nunca vou te largar por opção, só por consequencia.
-O que queres dizer com isso?
-Que eu não quero mais nada disso, que podias ter me dado a opção de tá do teu lado sabendo que era segundo plano: eu ficaria Pedro. Eu teria tempo de estar preparada emocionalmente pra essas coisas, sabes o quanto eu tenho medo e o quanto eu gosto de me proteger, mas preferiste escolher por mim, me fazer de boba e agora, como consequencia da minha decepção, eu tô largando toda essa misturada de sentimento que eu sinto por ti, tô te largando Pedro.
-Mas Ana, eu percebi que te amo.

Clichês da vida: uma mentira, uma menina decepcionada e um homem que, depois de perder quem alimentava seu ego, descobriu que amava.

terça-feira, 27 de abril de 2010

"Eu ficava lá, coração marejado, pé de riso sem flor, acompanhando aquele voo permeado de susto e de vento. Olhar estático, vida suspensa, experimentava a impotência de flagrar o afastamento do objeto amado sem poder fazer absolutamente nada que pudesse, naquele trecho dos ponteiros, alterar o itinerário que a surpresa desenhara. Os adultos me confortavam. Prometiam outros balões, que eu sabia que viriam. Costumavam vir. Mas aquele, aquele lá, que já voava distante, pequenino ponto já sem cor definida no céu, aquele não voltaria mais. Era por aquele que a tristeza virava chuva em meu rosto. Por aquele, cujo fio da linha não consegui manter comigo. Por aquele que despertara os risos que ainda ecoavam em mim.(...)
Vida marejada, nó apertado na garganta das coisas, chega finalmente o momento em que desejamos apenas o sossego que costuma vir com a aceitação. Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais."

Ana Jácomo
"Daí que a vida da moça foi ficando um inferno. Ela não pensava noutra coisa o dia inteiro. Só no amor que sentia. Pensava no amor que sentia pelo príncipe o dia inteiro, nem comia mais direito, nem dormia, nem trabalhava nem nada. As princesas e a rainha ralhavam com ela o tempo todo. Passava o ano todo esperando o príncipe vir de férias. Mas quando ele vinha, a moça ficava ainda mais triste.
— Por quê, hein?
— Porque ela via ele todos os dias.
— Ué, mas não era então pra ela ficar alegre em vez de triste?
— Não, porque o príncipe não ligava mesmo pra ela."

(Caio Fernando Abreu)

Tenho me sentido assim, de qualquer jeito, e a culpa é de quem? Alguém tem culpa? O que é a culpa?
-culpa
s. f.
1. Falta voluntária contra o dever; omissão; desleixo.
2. Causa (de mal ou dano).
3. Imputação.
4. Delito; crime; pecado


Torça bem as lágrimas, uma a uma, até desencharcar o coração.
Depois, estenda a tristeza pra secar no varal da autogentileza.
Lá costuma bater sol.

(Ana Jácomo)

domingo, 25 de abril de 2010

Eles não souberam quando começaram ou terminaram, se por algum momento a mágica do “nós” chegou a acontecer, se podia ser amor ter vontade de dividir uma pizza. Talvez ela quisesse somente uma companhia, alguém para chamar de “amor”, um par de meias novas no Natal e passear na pracinha que tem apenas uma árvore. Ele quis um apartamento maior, a estabilidade que pode ser superficialmente alcançada, um salário mais proveitoso. Nunca disseram adeus, nem até mais, nem qualquer outra coisa que desse possibilidade de um fim ou de um próximo encontro; terminavam as conversas com beijos, quando mais frios com abraços. Talvez ele a ame. Talvez ela quisesse saber disso. Por causa da mudez das emoções que sentiam, eles não sabiam que destino davam a si. O bonito deles é a coisa mais simples em suas histórias: de alguma forma silenciosa e cheia de esperança, eles esperavam um pelo outro, embora nenhum pedido tenha sido feito.


(Cáh Morandi)

10x10³ GB

Muito me incomoda, muito mesmo, o fato de não poder registrar tudo que foi bom para mim em qualquer lugar que eu possa rever, re-sentir (se é que existe isso), sei lá, qualquer coisa que faça ser presente. Eu sou esquecida, é injusto, as lembraças recentes apagam algumas antigas. Eu quero lembrar de tudo, de todos, de outras coisas. Essa falta de não-ter-como-provar-pro-mundo me deixa inquieta, pior... Deixa um sentimento de inacabado, como se ainda existisse algo que estaria por vir.
Fotos, são boas para marcar momentos, mas eu não tenho fotos. Músicas de um dia também, mas eu não tenho músicas. Cartas, letras, presente, qualquer coisa material, eu não tenho, só tenho lembranças boas e ruins, que eu não consigo contar com a veracidade que aconteceram, parecem de mentira, brincadeira, nem eu acredito às vezes.
Pense bem o quanto é difícil para alguém saber o que é real quando se vive entre o mundo paralelo, o do sonho e o de agora. São tantas lembranças do que não foi, do que já foi e do que vai ser, não tem espaço, eu preciso de uma memória extra urgente, de 10x10³ GB- ou qualquer coisa maior que isso- eu preciso.
Porém não tenho.
Estranho mesmo, essa vontade que eu tenho de provar para as pessoas o que eu  vivi, quem eu amei, como amei, o que elas tem com isso? Não sei. Mas muito me incomoda esse fato.
Deve ser por isso que criei esse blog para deixar registrado, pelo menos, o que eu penso quanto as coisas corriqueiras que eu vivo, alguns momentos. Sinto informar que nem sempre o que eu escrevo é real, meus textos não tem uma noção muito boa do que seria fidelidade, eles são como eu era antes de errar, talvez eles mudem quando eu souber que alguém além de mim lê, ou eles sejam tão parecidos comigo que mesmo tristes em saber que alguém não gostou continuem sendo essa mistura que são.
Devia começar a tirar fotos, andar com gravador, uma caneta e um papel para eventuais eventos, casuais casos e para espantar o medo de perder a memória e esquecer de todas as coisas que eu aprendi até agora, das pessoas importantes- ou não- dos beijos, abraços, palavras, sonhos, vontades. Alguém tem que lembrar da história que passou por mim e como as outras pessoas já se ocupam com as delas, preciso dedicar-me a minha.
Mas antes eu queria pedir, para todos que passaram por mim e que acham terem sido algo, por favor, lembrem-se de mim sempre que puderem e eu estarei tentando fazer o mesmo e se der também, dê uma checada para ver se meus textos estão sendo fiéis, sempre quando dá eles dão uma puladinha de cerca.
Desde já muito obrigada.
"Não será a primeira vez, sem dúvida não será. Ainda haverá muitas outras vezes em que o sono não virá, em que as horas da madrugada parecerão um pouco mais lentas, em que a noite parecerá ainda mais densa e silenciosa e que ficarás aflito e insone das lembranças. Mas como alguém poderá esquecer dos beijos que recebeu, da sua textura, do seu gosto, do seu tramitar? Como alguém poderá esquecer uma mão que em uma tarde qualquer de junho pousou sobre a sua e fez com que o medo e solidão aos poucos fossem embora? Como alguém poderá esquecer aquela manhã de domingo, sim aquela, em que se falhou o compromisso marcado por que decidiram fazer amor? Pensará ainda quantas vezes naquele vestido florido que deixava o vento desenhar o corpo que também era seu? Olhará sem perceber para a sala, buscando saber o que eu estaria fazendo. Ouvirá os barulhos das xícaras na cozinha, mas não sou eu, e nem estou cantando Janis enquanto organizo as roupas no armário. Você duvidará de uma suposta loucura, de um supérfluo desejo de viver com o que já não tem mais.(...)Deixei também um batom na pia do banheiro e dois livros na estante e muita, muita saudade.
A noite esfria mais um pouco. A noite não passa de uma boca faminta querendo nos devorar. Por vezes, o vento bate na janela, atravessa as frestas, soa, canta qualquer canção que não te faça dormir. O vento nem sempre é um bom amigo, o quarto nem sempre é um bom abrigo. Por fim esse momento não passa de um mal estar, de um querer estar em casa já estando, em um querer chegar em algum lugar da onde já se está partindo. Estamos todos entre o antes e o depois, o agora é breve bobagem, só está de passagem entre o lembrar e o esperar. Então lembre e espere, não se desespere, me guarde em um bom lugar."
Cáh Morandi

Menina-Sol

Roupas frescas, que esquentam os olhos de quem se interessa pelo nú, cores quentes- amarelos, laranjas, vermelhos- e um cabelo, se não fosse pelas luzes, que parece acidental.
É como se ela acabasse de sair de um clube, vir de uma praia ou estivesse em plenas férias. Estamos no final de Abril, chuvas torrenciais, quase diluvios e um tempo nublado como a tristeza dos urbanos, mas ela continua andando por aí como se fosse verão.
Vendo pelo meu olho adulto poderia dizer que ela só não sabe se vestir, chega a perder noção do ridículo, quer atenção "pobre menina, carente, sozinha... Ridículo".
Vendo pelo meu olho infantil... "Será que ela vê o Sol em algum lugar?", ela pode ter um Sol particular ou ser o próprio. Ser o astro deve esquentar demais, por isso a pouca roupa, e ter uma bola de fogo perto de você pode dar a mesma sensação. Onde ela vive nada é ensopado, frio, alagado, perdido, é calor 24 horas, suor, alegria... "Por que ela não derrete?" bom, acho que ela é o Sol mesmo, só ele para se aturar, só ela para se sentir, que coisa engraçada, menina-Sol.
"A comunicação vem da criação de um ambiente comum em que os dois lados participam e extraem de sua perspectiva algo novo, inesperado... Ela não funde duas pessoas em uma só, mas é o fato de ambos participarem de um mesmo e único momento..."
Marcel Proust.

sábado, 24 de abril de 2010

Para meu melhor suporte.

Te ver chorando me deixa impotente sabia? Não deixas, sequer, eu tentar falar alguma coisa que pareça te acalmar. Bem, eu sei que sempre foste chorona- nem tanto na nossa frente- mas teu choro tem sido mais dolorido, custoso, um choro farto, um choro de socorro. Não é pelo ato de chorar, é o que esse ato faz parecer: esse sentimento azevichado que te encobre.
Sei que nossa distância não tem ajudado, meu silêncio também não, posso até ter tirado de ti a boa vontade de falar, a espontaniedade de se sentir a vontade para falar, mas entenda, meu anjo, eu sou ao contrário, muitas coisas ruins me fazem bem, então não se sinta acanhada para falar o que quiser, não só preciso como quero saber.
É um ano difícil para muita gente e como sentes por todo mundo, é difícil por todo mundo.
Os dias dos planos estão contados, agora é hora de por todos eles em prática. Entendo o quanto é assustador a responsabilidade de viver o que sonhaste, também entendo que não serve só entender, nem escrever ou tentar te acalmar, um abraço resolve muita coisa, mas eu ando distante- um abraço também me comove e talvez seja eu quem vá chorar- então quero que saibas, por essas palavras erradas, que eu estou aqui, com a minha fé, minha fidelidade, meu amor e minha atenção distante de sempre.
Nunca precisei segurar tua mão para saberes que eu estava lá, nunca. Tanto que nunca fui muito presente, mas consideras todos os momentos únicos que temos, é o que conta no final.
Personifica tua vontade, põe no papel, é a primeira materialização que vais ter de tudo que queres, a força vem de fontes renováveis, descanso é necessários e a memória da infância é indispensável.
Acredita no trabalho que tens, na capacidade que tens, cada um sabe dos seus, cuida do que é teu, faz a tua parte e veremos o que será recebido.
Eu acredito que o destino tenha sempre dois caminhos, o caminho em que contribues para o sucesso e o outro que esperas o sucesso chegar, a diferença dos dois é que os que contribuem assumem o peso da responsabilidade e sofrem por um período de tempo, um impacto, os que esperam não assumem compromisso nenhum, enganam-se, vivem na mentira, mas pode ter certeza que, mais cedo ou mais tarde, a verdade vem para cobrar o que eles devem. Escolhe o teu caminho e deixa que o resto flui.
Melhor, esse ano tua noção de realidade vai ter que fechar os olhos um pouco, descansar... Para tua paz atuar em ti, teu nervoso ir embora, não acho que ela vá se incomodar em tirar férias, não é verdade?
Eu acredito em ti, porque nunca me contaste uma mentira séria, eu acredito em ti como pessoa, não só eu como todos que te amam, o que vier é consequência do que é para ser, o resultado vai ser o fortalecimento, seja ele ruim ou bom, já dizia Fernando Pessoa "tudo vale a pena, quando a alma não é pequena".
Me orgulho de ti desde já, pois derrota nenhuma vai te convencer que chegou a hora de parar, derrota nenhuma te convenceu até agora, és osso duro de roer, eu que o diga. Fortaleza é o que te sustenta, teu choro não é nada perto de todos esses anos que foste o apoio para muitas de nós, não te esquece de quem tu és e para que tu veio.
Eu te amo muito, do meu jeito torto mesmo, eu te amo como eu posso.
Boa sorte melhor, na tua caminhada do meu lado.
Duro não é passar no vestibular, é me aguentar durante sete anos.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O simples e sua beleza

Uma beleza que não cabe em foto, uma pessoa tão bonita que se paralizada fica meio estranha, meio torta e sem graça, mas que tem uma presença de espírito diferente. Não que eu tenha sentido essa presença, acho que deve ser uma coisa ligada ao sexo oposto, uma química que segura. Não tem nada demais, ela é simples, bem simples, deve ser isso que chama a atenção, nesse lugar de tanto fluorescente, dourados, pratas e purpurinas, uma pessoa simples se destaca por não ter nada além do nude, do sorriso e um cabelo belo -o cabelo dela é lindo, mas não a invejo, faz-se por merecer as madeixas- mas até eu me espanto.
Sinceramente não vejo nada demais nela, acho um pouco sem sal, apesar de ser bonita. Não tem um corpo escultural, nem um rosto de princesa, mas não conheço um menino sequer que não namoraria com ela, não digo nem passar uma noite e sim namorar mesmo, por ser tão real a beleza dela não enjoa, não cansa e nem dá para imitar.
Quem não me conhece muito bem poderia pensar que estou tendo um momento lésbico ou indeciso, mas não é isso, é só uma observação que já venho pensando a um tempo e resolvi (depois de ver algumas fotos dela) escrever sobre.
Simples! Talvez o segredo seja ser simples, o resto chama a atenção de moleques, desinteressantes e de mulheres vaidosas, que não importa o quanto você esteja bonita a inveja delas nunca deixará que passe qualquer detalhe.
Gente que bota feiura em tudo, que gentinha irritante. Sou uma delas, algumas vezes em que não me sinto bem comigo, sou o tipo menos perigoso, porque boto feiura no que está em mim e não no que está escondido nos outros.
Espero que ela continue bela por muito tempo, simples.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Por mim...

Nunca vi laranja mecânica, li qualquer texto do Ferreira Gullar, nunca aprendi a usar direito a crase e nem sei muito bem para o que ela serve. Chico Buarque escreve muito bem, mas tem uma voz horrível. De história antiga me interessa somente Esparta, o resto me cansa, contas nunca foram comigo e eu não sei tocar violão como qualquer amigo meu fiel e amante de música. Los Hermanos é legal, mas as vezes as músicas parecem uma mistura de instrumentos desafinados com uma letra bonita que quase ninguém entende. Eu tento gostar, fingir que gosto e até lembrar de alguns nomes estranhos somente para poder conversar com alguém intelectual, mas eu não gosto, fingir me incomoda e eu tenho uma péssima memória para nomes alemães e sobrenomes importantes, porém se você me perguntar como é o nome do porteiro que abre o Ideal de manhã, eu sei dizer.
Por incrível que pareça, desde pequena minha mãe me dava livros difíceis para ler, me colocava para escutar música clássica, me contava sobre as coisas boas que eu teria se estudasse, me mostrou o errado desde sempre e algumas falhas que ela deixou foram as que me marcaram.
Eu gostava de ler os livros de auto-ajuda, escutar 'é o tchan', 'Xuxa', bossa nova e Blues, sempre tive preguiça de estudar e nunca me importei nem um pouco com a marca do carro que teria quando crescesse, eu só queria que minha casa fosse rosa e tivesse um puff onde desse para escrever qualquer coisa, o errado me interessou muito mais do que minha mãe havia falado. Hoje, sou aqui o que resta de tudo que aprendi errando e fazendo o contrário.
Gosto de Caetano, algumas baladinhas românticas, bossa nova ainda, black music e algumas besteiras que eu quase sempre esqueço de mencionar. Salvei o endereço do blog da Tati Bernadi, leio Martha Medeiros, letras perdidas de músicas bonitas somente no papel e leio também blog de um monte de gente que eu não conheço. Sou mimada e sei disso, me atrapalho explicando alguma coisa para alguém, mas ainda sim quero fazer direito para tentar salvar qualquer coisa boa que tenha esquecido de viver. Tive uma educação voltada para a independência, responsabilidade e profissionalismo, porém vivo de amor, sou a pessoa mais irresponsável que conheço, queria ter tempo de cuidar do meus filhos e dar atenção para o meu marido.
Que seja, não sou tão inteligente quanto fui preparada para ser, não lembro de cabeça nenhum poema além do final daquele soneto da fidelidade- que todo mundo sabe também- não impressiono com meu intelecto, nem com minha beleza, na verdade nem sei como impressiono certas pessoas. É quase sempre o contrário, quanto mais sou eu, mais as pessoas gostam de mim e quanto mais eu tento agradar, mais desagradável eu sou.
Estava tentando,até então, ser alguma coisa para alguém que nem sabe ao certo do que gosta em mim, mas tem convicção do que não gosta. Pareço me importar com meu orgulho,quando na verdade luto para tentar me importar com ele, porque existem pessoas que não saberão cuidar de mim. Melhor tentar parar de fazer esforço para ser quem eu queria ser para impressionar alguém que não é, muito ao certo, o que eu gosto, melhor eu largar mão dos dias pensantes, das idéias loucas, da agonia que tenho daquele silêncio. Melhor largar mão de tentar ser especial, inesquecivel, para alguém que não quer que eu o seja. Melhor ser eu, alguém deve estar sentindo falta de mim por ai.
Beijos, vou procurar a Nayla.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cara, como eu tenho uma mente maldosa.

Eu perguntei com a voz mais provocante que tinha, se podia morder o pescoço dele e descer até a barriga, deixando algumas marcas vermelhas e essas coisas sacanas que a gente tem vontade de fazer com quem desperta esse lado mais... Mais... Mais selvagem. Ele não respondeu. Ele não ouviu. Eu não falei em voz alta, ficou dentro de mim. Não era só vontade por ter uma voz também ao fundo, narrando cada movimento e desejo.
"Cara, como eu tenho uma mente maldosa as vezes" pensei isso durante o dia todo, essa sacanagem  toda só me vem na cabeça quando não preciso dela, quando não tenho como usar e quando tenho eu esqueço, me dá um branco e um nervoso que só gente pura sente, vai entender?!
Não que ele seja um grande beijador, ou a próxima capa da G magazine, mas alguma coisa nele além de toda beleza - que nem me atrai tanto assim- me provoca, não penso no que ele vai fazer comigo, só penso no que eu quero fazer com ele, no jeito que vou beijar, passar minha mão, não me importaria de deixar ele louco. Esses desejos me movem, nenhum amor, paixão, saudade, faz com que eu tome uma decisão tão rápida quanto poder tocar em uma nuca ou um corpo gostoso de pegar, quanto a sentimento penso duas e se possível três vezes antes de qualquer atitude, o resto... Acontece, por vezes faço acontecer. Digo que não, mas gosto do que não pode, mas um 'não pode' confortável, não tão perigoso, preciso ter tempo de fazer o que eu quero fazer, não gosto de coisa mal feita, me agonia.
Não gosto de gente impaciente, gosto de gente provocada, desesperados, loucos na vontade, mas que deixam do meu jeitinho, desse jeitinho mesmo: lento, molhado e divertido (para mim).
Por isso não curto muito esse lance de gostar de alguém. Me perco em planos, sonhos, felicidades, azul, rosa, corações e músicas, esquecendo esse lado autora de contos eróticos, viro uma boba alegre, deixando essas coisas que eu tanto gosto para segundo plano, coisa esquisita, eu sei. Eu sou mesmo assim, do contra, virada, pro lado de lá, problemática para alguns (me falaram isso hoje e eu ri) e extremamente física.
Não gosto de meninos com cara de meninos, de pessoas com jeito de boazinha, acho que isso só cai bem em mãe e criança, não gosto de carinho superficial, aquele feito com a ponta do dedo com movimentos repetidos no mesmo local, não suporto isso. Gosto de jeito de homem, mas nem de todas as atitudes que eles tem, tem que haver uma combinação calculada para poder dar certo e encaixar, tem que tocar nos pontos fracos- em mim- de um jeito suave, porém firme: paixão, é isso.
Aquela necessidade toda, suspiros, respirações ofegantes, frios na barriga, o beijo quente, molhado, vagaroso e que acompanha cada toque. Ah, eu gosto!
Ando querendo, mas não um querer qualquer, quero do meu jeito, só falta achar alguém que queira do meu jeito também.
Dessa vez ,quando li, pensei "estou precisando disso ultimamente".
"Olha, eu sei que o barco tá furado e eu sei que você também sabe, mas te ver remando me faz querer não parar de remar também."
Caio F. de Abreu.

sábado, 17 de abril de 2010

A moça da menina

Por mim ela ficava onde ela sempre esteve confortavelmente, irônica como sempre, estressada como de costume, continuava alimentando seu desejo por morenos, não tão altos e que tivessem um abraço gostoso para oferecer. Por mim ela ainda seria uma menina mulher, desacreditada em finais felizes,  presa apenas pelo desejo do pegar, com um desapego de quem sabe que gostar de alguém pode ser um fardo as vezes, penso até que ela chegava a ser muito inteligente.
Não é que agora eu não goste dela, não pense isso, na verdade eu até gosto, acho interessante a mudança- louca, digamos assim- que ela sofreu, trocou a vontade de tudo pela vontade de apenas algumas coisas necessárias, largou o frio na barriga do errado para ter o frio na barriga do que seria certo e ela não faz, mas eu ainda tenho quase certeza que a irresponsabilidade ainda vive em alguma parte perdida, nela bem no fundo combina. Diria que ela perdeu o jeito para algumas coisas, como aquela coisa que toda mulher tem, um "Q" a mais para chamar a atenção, deixou de ter a sorte que o encanto menina-moça trazia.
Hoje, não mais gasta seu tempo falando o que pensa, o que seria melhor e tentando fazer com que as pessoas a escutem, tudo que ela solta muitas vezes é um "tudo bem, não tem problema", " Ah, deixa, nem era nada demais mesmo" isso já basta, o cansaço toma conta muitas vezes.
Conversando com ela, percebi que ela não percebeu que cada dia está mais perto do que ela queria semana passada, "não aguento mais, quero sair daqui, minha liberdade, cadê?" quase um grito, abafado muitas vezes, mas ainda sim um grito, ontem nem ouvi reclamações, nem aquele olhar de "fazer o que né?", mas ouvi essa frase, não lembro bem porque ela falou isso, mas eu ouvi.
Ah, e o egoísmo, quase ia me esquecendo, acredite, se quiser, não sei para onde foi, acredite, se quiser, ela se doou para alguém e acredite, se quiser, não funcionou muito bem, mas ela não se importou, continua querendo se doar mais e mais e mais, até dar certo um dia.
Talvez essa menina-moça não seja mais tão menina assim, será que a moça engoliu a menina? Ou a menina da moça também cresceu?

Descaso

Engraçado, antes tudo que eu queria era um descaso qualquer, um compromisso que não me prendesse, não me sugasse, segurasse, que fosse um acaso do destino sem esperanças e sem gostos, somente beijos, toques e algumas coisas adicionais, somente. Pensei em tantas possibilidades, tantas pessoas, tantos dias, quantas horas e falta de dedicação.
Agora me vejo cheia de amor para dar, cheia de coisas para aprender, para oferecer e o que eu mais queria bate na minha porta, com uma cara lavada, uma desculpa esfarrapada, um descompromisso sério e uma sinceridade fria, porém com um abraço caloroso.
Deram até bondande quanto ao meu descaso, nunca pedi beleza, romantismo, nem quase tudo que queria em alguém, para falar a verdade queria que meu descaso fosse tudo aquilo que eu não queria para mim, pena que não é.
No final do dia o que me resta são conselhos dados por mim à mim mesma, uma frase otimista e algumas declarações de pessoas que acham que eu valho muito a pena. Daqui a algumas semanas, não vou nem contar quantas, eu vou estar novamente triste por um descaso qualquer, que caso você não saiba queria me casar.
Acho que a história inverteu, eu agora, quem sabe, pronta para alguma coisa e descaso não pode.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Veja bem, querido.

"Veja bem, querido... Falsa? Não, estou sendo sincera, dessa vez foi um querido carinhoso, paciente. Sei, mas espere, deixa eu te falar para que liguei... Não conheço nem a Marilda, quem dirá o João, marido dela. Tudo bem, espero sim..."
Desliguei. Já esperei demais, 27 anos para conhece-lo, três meses para experimenta-lo, um mês para ele voltar de viagem, dois anos para tentar esquece-lo, acho que dois minutos só iriam aumentar a história.
Pois bem, não teria nada de bom a contar mesmo, para ele no caso, porque a história está bem feliz até agora, cortei o cabelo, mas não era isso que ia falar, na verdade ia desmarcar o encontro dessa noite, pensei bem, bastante mesmo e percebi que ainda sou medrosa, tenho medo de destruir o trabalho de dois psicólogos e de noites mal dormidas pensando. Sou mais eu, inteira, nem tanto devido a parte do cabelo, revestida de sinceridade, sorrisos e uma brilhante esperança tranquila, serena. Ainda sou intensa, quem quiser que experimente, mas a intensidade passou a existir pela busca do equilibrio, tranquilidade demais abala qualquer mulher. Agora, para que eu ia contar isso para ele? Tanto faz, talvez ele nem aparecesse mesmo e se aparecesse ia destruir com as minhas expectativas, que demorei tanto construindo um dia antes... Acho que vou ligar para a Ana, ela vai entender do que eu estou falando, afinal depois de casar três vezes você entende o que qualquer pessoa fala.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Do meu gosto

"Errei pela primeira vez quando me pediu a palavra amor, e eu neguei.
Mentindo e blefando no jogo de não conceder poderes excessivos, quando o  único jogo acertado seria não jogar: neguei e errei."

 (Pequenas epifanias - Caio Fernando Abreu)


Isso e meia metade de um inteiro mês meu veio abaixo, mas tudo bem, essa eu deixo para próxima, me aguarde querido, um dia eu chego

domingo, 11 de abril de 2010

do meu gosto

Lágrimas que fazem um caminho sem volta
Lágrimas que contam um fim de uma história
Lágrimas que correm o seu rosto
Pra dizer que é tarde pra voltar
Que é tarde pra tentar
Achar a solução
A solução pro coração
Achar a solução
A solução pra minha solidão
Lágrimas que correm o seu rosto
Lágrimas que trazem um gosto de saudade
De vontades, de lembrança, de heranças de uma história que acaboooou
Como a última lágrima, acabou, com o último beijo
Terminando o gosto de esperança, nos restando só as nossas lembranças
Ah se um dia eu pudesse ter uma chance de fazer
Uma lágrima voltar e a nossa história recomeçar
Ah se eu pudesse um dia voltar
Se eu pudesse um dia trocar
Uma lágrima do teu choro
Por um sorriso no teu rosto eu...

por.: J.P
Hoje, queria dedicar este post a uma pessoa por quem eu tenho um apreço imenso.
Então, percebi hoje que em alguns momentos te esqueço, te deixo de lado e me perco em outras pessoas, que talvez nem mereçam essa atenção, queria te pedir desculpas hoje por isso, apesar de saber que vou continuar fazendo isso de vez em quando.
Como que o meu amor por ti é real, sabia? Nada abala, nem mesmo o teu despenteado, tuas unhas borradas, tua voz que oscila e teu estilo estranho. Nada mesmo, até teu humor diferente eu aprendi a gostar, as caretas, a insegurança e a espera louca por alguém que te ame, alguém esse que receberá todo o teu amor de volta.
E eu sei que me aceitas assim também, mesmo não gostando de algumas coisas,alguns feitos e atitudes, eu sei que me aceitas, me acolhes quando preciso, chora quando deve e sofre a minha dor.
Sempre estiveste comigo, sem nem lembrar disso, nas noites que me decepcionei, que chorei de todos os jeitos possiveis, conheces minhas manhas, manias, manhãs e hoje toquei tua música para mim, para poder lembrar de mim.
Queria te falar que ultimamente eu sou o que precisas e que estou pronta para te amar do jeito que eu posso amar, que aceito tuas condições prémeditadas e chatas, que tenho alguns segredos na manga - sei que sabes e obrigada por fingir surpresa- que preciso de ti só de vez em quando, mas que é muito, que és a única pessoa com quem fui sincera durante esses anos e a única pessoa que me conhece de verdade.
Sabe, és uma das melhores coisas que eu já conheci, mesmo com o jeito chamativo e irritável, porém tenho que confessar a raiva enorme que tenho da tua preguiça, do teu "ah, deixa pra mais tarde, ninguém vai morrer", das vezes em que és mimada e do medo que tens do não, sabes que isso te tira muitas oportunidades.
Não te desfaz por qualquer coisa, não te entrega de qualquer jeito, não pensa demais, eu tô aqui por ti, não é por nada. Por ser quase obrigada estar contigo, aprendi a te amar, a cuidar de ti como cuido de mim, aprendi a respeitar tuas decisões, ficar calada as vezes e te orientar.
Foi contigo que aprendi a ter amor ao próximo, a não querer pros outros o que não quero para mim, compreender e aceitar, vê os dois lados da moeda, já que a nossa relação sempre foi, meio, conturbada.
Obrigada por não me deixar esperando, por cuidar de mim, por estar comigo quase sempre, por me aceitar como dá e por me permitir o desapego de vez em quando, o medo quase sempre e os sonhos, principalmente pela parte dos sonhos.
Então, hoje queria dedicar esse post à mim.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

"Que seja doce o naufrago"

Vou ser sincera... Queria que nessa sexta-feira à noite tu estivesse em casa, entediado, tanto quanto eu, sem dúvida da vontade de falar comigo, queria que tua janela, na droga, do ebuddy subisse e chamasse minha atenção- preste atenção, que dessa vez nem pedi uma ligação- com um "oiii" qualquer, um apelido qualquer, só pro meu coração bater rápido novamente, o frio na barriga voltar, a agonia surgir e substituir a agonia de achar que podes estar, em qualquer lugar que gostaria de estar contigo, com ela.
Tanto faz, tenho que externar algumas coisas, eu me canso disso, de todos os pensamentos que não falo, das pessoas que não ajudam e das que ajudam também. Relendo os textos dá pena de mim, que situação embaraçosa, sentir pena de mim mesma, vontade de falar "ei, acorda pra vida minha filha!", é mais fácil lidar com a dor dos outros, até saio de mim algumas vezes para poder lidar com a minha.
Caetano, Oasis, Coldplay, Lily Allen, Damien Rice, Cassia Eller, saiam todos daqui, vão tocar em outro lugar, tocar outros corações e me deixem em paz! Poderia até tapar meus ouvidos, ou desligar o computador, mas essas músicas e as letras, e as vozes, e as mensagens, elas simplesmente não saem da minha cabeça, ficam cantarolando sozinhas, enquanto me ocupo fingindo não escutar.
Não, eu não sou madura o suficiente, sou uma menina boba, sonhadora, apaixonada e, nunca pensei que ia dizer isso, com coração em frangalhos. Sim, isso mesmo, com todo esse drama mesmo, sem tirar nem por, quer dizer, pode até por, eu não me importo.
Não sei que diabos é esse treco que sinto, é 'coisa' mesmo, não tem nome e nem descrição, mas ocupa uma boa parte do meu dia, é um sentimento, que faz eu me sentir a pessoa mais boba do mundo, mais desamparada e carente. Eu aceito qualquer elogio, qualquer abraço, até aperto de mão eu ando aceitando (ouviu, cabrita?)
Cadê teu nome bonito no meio dos meus conhecidos? No meio das minhas histórias? Cadê?
Cadê teu jeito 'nem ai'? Teu carinho sem jeito, mas gostoso, cadê?
Fui eu, eu sei, por incrivel que pareça não é isso que me incomoda, não é o fato de eu não ser pra ti, de não saber lidar contigo, conversar direito, ser interessante, inteligente, sensual ou qualquer coisa parecida. O que me incomoda é o me fizeste ser, a vontade que deixaste, a saudade que deixaste, a carência que deixaste. Me transformaste no que eu sempre detestei nas pessoas, é isso que me incomoda.
Incomoda, querer trocar tudo que eu conheço pra poder ter o que não conheço ainda de ti, ter vontade de mandar As, Bs, Cs, para bem longe e dizer "vão embora, já gosto de alguém, voltem mais tarde" quando tudo isso não existe.
Dar minha mão para beijares, como fizeste no primeiro encontro, quando foste embora e levaste na costa uma decepção sem nem saber, se eu voltasse eu, com certeza, diria para a Nayla, do dia 10, não te largar um minuto sequer, segurar tua mão toda hora, pegar na tua nuca, escorregar a mão por tua costa, pelo amor de Deus, até da tua bunda eu sinto falta! Fala sério.
Reclamo, do que na verdade sei que tenho que passar, não estás errado em momento nenhum, como algumas pessoas pensam, por isso nem me dou ao trabalho mais de contar história nenhuma. Gostarias de mim se eu deixasse fazer isso, se eu permitisse que tu gostasse e me conhecesse, se eu te mostrasse o meu lado bom ao invés dos meus medos e 'não poderes', me amarias se eu deixasse, não é verdade?
Agora fico pensando, só de somente e não de sozinha, sozinha também, mas não vem ao caso novamente.
Nunca foi pra mim somente o tempo que passavas do meu lado, na verdade pra mim eram as noites que passavas comigo, me confortava saber que alguém pensava em mim, saber que era recíproco, antes pelo menos eu podia querer estar do teu lado e saber que era o que querias também, tanto quanto eu (pelo menos, até onde eu sei), pra mim era o que a gente ia ter, pra mim era o que a gente ia construir, que a gente tava construindo, o que contruiste em mim. Pra mim era olhar pro lado e não ter do que reclamar, era acordar pensando em ti e dormir pensando em ti, nos nossos problemas. Era lembrar de alguma coisa engraçada e rir sozinha, era deitar na cama e não me sentir só, sem metade de alguma coisa que deveria estar do lado da minha mão ou perto da cabeça, algo por essas bandas.
Pra mim na verdade, era o que seria e não o que era, se fosse o que era, acho que quem estaria gostando de outra pessoa seria eu, sei lá, tinha voltado para antigos ou arranjado novos, barca furada afunda, quem não sabe disso? "Que seja doce o naufrago" o que limpava o medo de te perder, era isso, a certeza do meu desapego, que resolveu me deixar na mão logo agora, os teus defeitos e as cobranças que me enchiam e faziam com que eu me sentisse pressionada, era isso, o vestibular e suas responsabilidades, a minha falta de responsabilidade, de compromisso, de coragem, de idade.
Tão pouco tempo, tão muitos problemas, tão muito eu, tão pouco nós, tão mais tu, tão menos outros, outros que não ajudam também, não se pronunciam de uma forma agradável e sincera, diferente, legal, simples.
Espero que minha barca acabe boiando por ai, não gosto da idéia de afundar, é profundo demais pra mim, ainda sou rasa.

Tentando mesmo.

Essa semana, minha professora de redação pediu que a gente fizesse uma narrativa, com um tema da UFPA "o que farias se só lhe restasse esse dia?".
Não pensei, em nenhum momento, nas coisas que eu faria se só me restasse um dia de vida, entrei no meu personagem e contei a história dele, que por sinal não tem nada a ver com a minha. Hoje, vendo algumas comunidades, lendo alguns textos, eu só conseguir pensar no que eu não fiz.
No que faria, se eu soubesse que seria a última vez que veria qualquer pessoa, que passou pela minha vida. Amigos, ficadas, namorados e pessoas legais que conheci um dia e nunca mais vi.
Reparei que não tem nada que deixei de falar, tudo que sempre quis falar, eu falei. Nunca deixei por menos qualquer sentimento que tivesse, acho que todas as pessoas de quem gostei ficaram sabendo, nem que fosse uma ponta de saudade, de amor, de raiva, qualquer coisa, mas souberam, leram ou entenderam. Mas fazer...
Pensei em tantas coisas que hoje queria fazer e não posso, com pessoas que um dia tive e não tenho mais, que não conheci por vergonha (em um tempo que eu tinha medo de pessoas).
Apesar de ter inúmeras histórias para contar, 'n' pessoas de quem sinto falta ou senti, fatos recentes ainda ocupam, nem que seja 20%, minha cabeça.
Vendo fotos e escutando histórias, fico pensando que eu não me entreguei quando deveria, no tempo que perdi me preocupando com coisas que só seriam resolvidas depois, nos dias em que deixei de olhar o sorriso, tocar o rosto, abraçar mais, deveria ter passado todas as horas agarrada em qualquer parte e não só sentir, mas fazer com que me lembrasse de cada uma. Podia ter deixado algumas nóias de lado e só curtir o momento, já que eram tão poucos... Eu sabia, sinceramente, sabia que apesar de querer que durasse, não tinhamos muita coisa ao nosso favor, na verdade, eu não tenho muitas coisas ao meu favor.
Enquanto, na aula, fico entre entender a física eletromagnética e dar atenção aos pensamentos soltos que aparecem, ele está em qualquer lugar, com o mesmo rosto, pensando em alguma coisa, qualquer coisa que não chegue nem perto de mim.
Algumas vezes, pela noite em sua maioria, ainda penso no que fariamos se estivessemos juntos, conversas, jeitos, coisas, manias, rotinas... Dizem que um casal, depois de muito tempo, não sabe quem é quem, passam a ser quase um só, falei tanto disso. Por mais que eu lute contra a minha vontade, na maior parte do dia, não posso fugir de mim mesma quando estou só, é o meu momento, comigo e só, literalmente sozinha.
Não consigo escrever pouco, sempre tenho tanta coisa para falar, deve ser por isso que todos sabem o que eu sinto (ou costumavam saber), porque falo as coisas, se guardar para mim eu esqueço.
Não é que eu tenha medo de ficar só, só não gosto de andar desse jeito. É bom ter uma mão segurando a tua, enquanto as pessoas olham para ti com qualquer olhar, saber que tem alguém do teu lado para conversar, passar o tempo e escutar as tuas loucuras sem sair correndo, que entre vocês rola mais que uma amizade, que a segurança do concreto e a insegurança do conotativo acabam se equilibrando, é bom saber...
Porém, não pense você, que estou esperando qualquer pessoa chegar, de "qualquer pessoa" o mundo está cheio, na verdade não espero ninguém chegar, essa que pode ser a diferença de hoje.
Tudo isso é a chuva e a raiva que tenho da "Alice no país das maravilhas", a busca, que até hoje não fiz, do DVD do meu filme favorito: Anastácia. É a preguiça de estudar, a música que escuto e que não acho a letra, é culpa da falta de pessoas interessantes que me interessem, do potinho de aveia com banana que comi hoje, da inquietude de quem não pôde, de quem não pode. Inquietude de quem não fez, de quem não faz e quiça fará. Inquietude do "não" que dei, dos que dou e dos que digo à mim mesma.
Tudo isso sou eu tentando, mesmo, sair de mim.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Para o mágico.

Então, mágico, chegaste sem pedir licença e fez dessa bagunça uma maior ainda.
Tenho pena de mim, que não sei usar palavras dificeis para me fazer entender e quem sabe, por fim, conseguir te contar alguma coisa que entendas.
Os ontens que até hoje não passam, que feitiço foi esse?
Não entenda mal, mágico, não quero lhe roubar a sabedoria e a experiência de suas magias, só queria entender porque insiste em levar para longe de mim, em sua cartola, o que de melhor eu tinha.
Então, mágico, queria agradecer seus dias de folga, mas pense bem em férias ou aposentadoria, todo mundo precisa descansar, principalmente os que trabalham para ti.
Ou eu que preciso tirar férias?
Pena mesmo mágico, ter passado os dias longe, as madrugadas conversando, o pouco tempo do teu truque, pena mesmo mágico.
Mas sabe mágico, que um dia tudo perde a válidade, acho que até magia acaba, foi pelo menos o que li em alguns contos, os que não estão na estante das crianças, mas um mais acima.
Então, mágico, convido-lhe a  ir embora, para outro circo, longe desse que eu chamo de coração.

Mas não tem revolta, não.

Eu sempre achei uma bobagem a idéia de tentar  voltar para um sonho. Quando via pessoas em comunidades do gênero pensava "que coisa boba, da onde que esse povo tira essas coisas?", até que hoje dormindo, tive um sonho tão real, parecia que eu havia afundando em mim.
Quando sonho, existe uma cidade que fica intragada dentro da minha cabeça, qualquer sonho estranho que parece ser um pouco real, acontece lá.
Nesse lugar as coisas lembram coisas que já vi, mas que não são iguais, visualmente são completamente diferentes, mas a essência é a mesma. Tem uma pizzaria, com uma placa grande e colorida, que sempre aparece da mesma forma, só que dessa vez ela apareceu mais velha, como se estivesse quase falindo, como se os anos tivessem passado... Aconteceram muitas coisas até chegar a parte que eu lembro, mas foi exatamente a parte que eu lembro que foi real.
Era ele. Tinha o corpo dele, o cheiro dele, algumas vezes parecia com ele, mas a essência era diferente, era um outro ele, alguém mais doce, mais calculista e eu sentia um carinho vindo dele tãão grande, que eu nunca mais queria acordar. Ele estava sentado em uma batente da calçada, na frente do lugar- hoje, velho e triste- cheguei perto dele, ele me puxou para o colo, me aninhou nos braços e eu coube perfeitamente nele, me abraçava, beijava meu rosto e minha cabeça, levantei, pedi minha pizza e voltei para lá.
Depois, eu quem estava sentada na batente, ele chegou em pé e se abaixou para poder ficar à altura dos meus olhos, apesar de respirar do mesmo jeito, perto de mim, de se aproximar da mesma maneira, alguma coisa não era dele ali, eu não sei explicar muito bem, mas nessa hora eu queria abrir os olhos e não conseguia (no sonho mesmo), eu não conseguia ver nada além do pescoço para baixo. Minto. Nem o pescoço eu conseguia ver, porque esse eu reconheceria de longe. Mas era ele de outra forma
Acordei sabendo que eram seis horas da tarde. Choros, gritos, correrias, passos pequenos e arrastões de mochilas com rodinhas, é o horário que as crianças saem das creches e passam por aqui. Pensei nas inúmeras mitoses que sofri (ou não) até ser quem eu sou hoje- uma mistura de intensidade, música e amor- e não sinto falta nenhuma do que passou, só sinto vontade de voltar para aquele sonho!
Como, de vez em quando, pode ser chato gostar de alguém desse jeito, todo trabalho diário para esquecer, em um sonho apenas seu inconsciente traz à tona. Acordo as vezes pensando "tá vendo, eu já esqueci, tá até durando" o que na verdade passa são as horas, o dia ainda nem começou e a última vez que tinha pensado foi na noite anterior.
O tempo é relativo para quem ama e para quem não ama também. Meus dias alongaram, a melancolia das seis da manhã voltou, o sono, a preguiça, a chatisse... Pertences de quem não pode gostar de alguém.
Já cantava a música.
"Quando o meu mundo era mais mundo e todo mundo admitia
  Uma mudança muito estranha, mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria
  No meu jeito de me dar
  Quando a canção se fez mais forte, mais sentida
  Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
  Você veio me contar dessa paixão inesperada por outra pessoa"




terça-feira, 6 de abril de 2010

Faça por merecer você mesmo

Realmente, chorar não resolve seu problema, não traz alguém de volta e muito menos faz o tempo perdido voltar, mas há de convir que alivia uma dor de um dia, de uma semana ou de um mês.
O problema não está em chorar, em se sentir triste, ou ficar com uma cara feia por algum tempo, o problema é que as pessoas fazem do choro, da tristeza e da raiva uma solução e não um quebra-galho.
Lógico que ninguém gosta de sofrer e de se sentir triste, mas temos que concordar que se não tivessemos derrotas e se não houvesse um equilibrio do sim e do não na nossa vida, não seriamos pessoas maduras e experientes, não teriamos ensinamentos e nem histórias boas para contar, não poderiamos ajudar alguém que precisa.
Existem pessoas que sentem tanto medo da dor que fazem do choro uma droga, uma situação viciante para poder fugir do sofrimento e do maldito aperto no peito e essas pessoas a acabam sendo as mesmas por um bom tempo, até perceberem que perderam tempo demais chorando, enquanto poderiam crescer e resolver o bendito problema da dor.
Se aquela menina - a que semana passada eu queria abraçar e que hoje o fiz - pensasse o tanto que ela chora, ela já teria visto que o problema não está só com ela, que a culpa não é só dela, ela não tem nada a ver com o fato de que o menino de quem ela gosta é uma pessoa temporal, um mês gosta e no outro enjoa, se ela parasse e só pensasse em que ela poderia melhorar para ser uma pessoa melhor, acho que ela nem estaria chorando agora, ficaria muito ocupada resolvendo os próprios problemas.
Eu sei, eu entendo que agora, para ela, ele é a única pessoa de quem ela vai gostar, a única pessoa que ela quer do lado e que depois dele ela ache que não vai encontrar ninguém, eu entendo tudo isso. Sei o quanto é dificil ela ver toda manhã a pessoa que ela ama babando em outra pessoa, mas se ela não usar as coisas ruins ao favor dela, o que ela vai fazer então? Chorar o resto da vida? Esperar ele, por um milagre, gostar dela? Quando a sua felicidade não depende mais só de fazer, você tem que pelo menos fazer a sua parte da história e ela ocupa o tempo todo dela chorando, lamentando e achando que um dia ela vai ter o que por direito, ela acha ser dela.
Você não é dono de ninguém, ninguém lhe pertence, e se você não fizer sua parte ninguém mais fará por você! Chore, mas para aliviar a dor, somente para ter forças de seguir em frente, para deixar o tempo livre, com menos peso para se dedicar ao que realmente lhe pertence : o seu caminho.
Você tem uma vida, cuide dela. Você tem um coração, ame-o. Você também é uma pessoa, admire-se, sobretudo faça por merecer você mesmo.

domingo, 4 de abril de 2010

'Olhando a foto, foi quando eu descobri que tua ausência inda doía e o tempo que passou não me serviu como remédio. E a minha paciência foi inútil e todo desapego incompetente. Eu me desvencilhei de livros, cartas e bilhetes e me desmemoriei por algum tempo - quis tanto ter você, depois silêncio - mas nessa tarde estranha em que ensaio versos, só vem tua falta à tona... E eu desamarro um pranto que eu sei tão antigo - desculpa essas palavras com cara de choro - ainda há reticências.'
-Marla de Queiroz-

sábado, 3 de abril de 2010

Para meu melhor suporte.

"Eu amo cada pedaçinho teu,cada detalhe mesmo."
Obrigada por isso, por isso e por todo o resto, claro.
Mas especialmente hoje, obrigada por isso, sério mesmo, não tens noção do quanto isso me tocou e do quanto eu precisava saber disso, ler, escutar ou o que quer que seja, de que modo venha, é bom saber.
As pessoas tendem a dar valor as coisas passageiras, pelo fato de que elas vão embora muito rápido e eu quase sempre esqueço das pessoas que realmente me importam e que realmente se importam.
Reconheço melhor, que não dou o devido valor que mereces todos os dias, que não te dou o amor que mereces e reconheço também que ganho muito de todas vocês, todos os dias, especialmente de ti.
Eu sou tão irresponsável, temperamental, implicante e mimada, mas mesmo sabendo de tudo isso ainda confias a mim uma parte da tua alegria, do teu orgulho e isso pra mim não tem preço.
Hoje és pra mim o que muitas pessoas nem chegaram perto de ser.
Te admiro por cada passo que tu dá, cada conquista tua é uma alegria que tenho também e me realizo com as tuas realizações, por todos esse anos de compromisso e amor que tens comigo, obrigada melhor por tudo isso.
Obrigada por me amar, quando muita gente não o faz, por cuidar de mim até mesmo quando eu esqueço de fazer, por me amaparar, pelos sete anos mais produtivos da minha vida, pela alegria que me proporcionaste em cada momento, por todos os abraços que até hoje não tenho como pagar e por fazer parte do meu quebra cabeça.
Lembro de tudo e sei que também não esqueces, ninguém me conhece como tu, ninguém se importa tanto quanto tu e ninguém vai ser pra mim o que tu és.
Ai amiga, tenho tanto a te agradecer, que acho que nem caberia aqui.
Obrigada por amenizar minha dor, por amortecer minha queda e por estar sempre aqui até mesmo quando te mando embora, quando peço solidão, obrigada por me desrespeitar.
Ninguém paga o que fizeste por mim, todos os aniversários surpresas, os conselhos que eu quase nunca escuto, a organização da minha vida, o suporte depois da decepção, o complemento depois do abandono, o aperto na mão pra diminuir o frio na barriga, ninguém paga a tua chatisse e teus choros bobos, as tuas piadas, as tuas desgraças e ninguém paga mesmo a tua lágrima, na verdade nunca encontrei ninguém que realmente as merecesse, mas isso não vem ao caso no momento.
Melhor, isso é uma tentativa frustrada de tentar mostrar o quanto te amo e te quero bem, mostrar o valor que tens diante da minha vida, o valor que tens pro mundo e o potencial que muitas vezes tu esquece, queria te lembrar que vales a pena todo minuto, fazes valer a pena.Tens que lembrar que ninguém pode substituir o teu perfume, que não é tão doce quanto eu gosto, mas que ainda assim é cheiroso *-* haha, não pode fazer irônias do teu jeito e ficar tão vermelhinha e silenciosa quando ri, ninguém pode ser o que tu és, então por favor não te esqueces de ti, és uma das pessoas mais especias e diferentes que eu já encontrei e por isso fazes parte da minha vida todo dia, te escolhi pra dividir minha história e te amar por quanto tempo der, porque acho que és uma das poucas pessoas por quem vale a pena o esforço de tentar fazer dar certo e ser tão armônico uma relação, muitas vezes a amizade é mais difícil do que um casamento e a gente vem se saindo muito bem *-*.
Eu te amo melhor, desde sempre.

onde está?

E onde está o que é meu? Se o que eu achava que me pertencia serve bem melhor em outra pessoa?
Quem está cuidando ou descuidando do coração que me pertence?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Não pensei que voltaria aos tão conhecidos textos do Caio de Abreu, acreditei que não passaria mais por isso, até porque as coisas giram de outro jeito, com uma nova cara, menos eu.
Não pensei também que sabia mentir tão bem, ou melhor, omitir tão bem, agora é quase como se não fosse nada.
Não sabia que atendiam meus pedidos e não sabia que eu sempre pedia de um jeito errado.
Por não pensar e não saber muita coisa ainda estou, ao que parece, perdida. Nenhum jeito parece o certo e eu já tive que escrever a palavra jeito umas sete vezes, porque eu sempre erro.
Ando esperando a um bom tempo que tudo seja meio mentira, meio caminho andado para uma coisa melhor, mas acho que é apenas mais um caminho errado que acabei tomando, mais uma vez.
Faz sentido, já que toda vez que alguma coisa não dá certo, ou não é como queriamos a gente sempre espera que o destino pregue uma peça e resolva tudo, dessa vez ele não pregou peça nenhuma, não me contou nada do que eu não esperava e nem deu sinal de um bom final.
Também penso que pode ser alguma reação de várias ações que eu já fiz, talvez esteja passando por algo que alguém já passou por mim, ou que eu provoquei, falaremos a verdade, não sou santa e nunca fui boa moça.
O Caio disse que a dor seria uma prova de estar viva, mas eu nunca me senti tão vazia.
Pra falar a verdade queria chorar aqui tudo que chorei fora daqui, mas meu choro não tem palavras, são só acumulos de sentimentos, sem palavras, de repente durante esses 16 anos, quase 17, eu já falei tudo que tinha pra falar quanto a coisas assim.
Mas depois de tudo descobri de novo minha sensibilidade pela dor alheia, soube hoje que um menino de 18 anos morreu em um acidente de carro, deixou um curso de medicina, uma família e uma namorada para trás, ultimamente mortes assim têm sido tão normais, mas hoje senti uma tristeza imensa por todos que perderam ele, nem conhecia, mas sinto. Pensei também em uma menina que conheço, que namorava com um menino que só vem voltando com ela por medo de ficar só, e ela só vem voltando com ele por gostar muito dele e porque prefere ver ele infeliz ao lado dela do que feliz ao lado de outra, sinto o medo dela também, todos os dias de manhã tenho vontade de abraçá-la e tentar fazer com que ela se sinta melhor. Pensei em uma das minhas púpilas que ainda sofre em silêncio por uma mentira, que ela pensou ser verdade e sinto toda a raiva e a saudade dela também. Imagino o quanto foi difícil para outra amiga ficar calada, enquanto quem ela amava se divertia com outras, porque a distância fazia a cobrança ser impossível. Ando sentindo a dor até de quem nem conheço, só de olhar, eu sinto. Prefiro prestar atenção no que eles sentem do que parar pra pensar no que eu ando sentindo.
Recebi um ótimo conselho de uma pessoa que eu nem esperava que fosse me amparar, que tinha quase todos os motivos para apontar para mim e dizer "bem feito", mas não, muito nobre da sua parte "não pensa, não vai te fazer bem, já pensaste em muita coisa hoje, tu vai ficar meio lesa de tanto pensar" foi bem o que ele disse, talvez em uma ordem diferente, mas desse jeito.
Eu sei que vai incomodar por muito tempo ainda e sei também que eu não posso fugir toda vez, não tenho tanta coisa para fazer assim, infelizmente.
Queria ser um pouco mais infantil para falar tudo que eu tenho vontade, para fazer tudo que eu bem entendo, só para não carregar sozinha tudo isso, mas não sou, já ultrapassei essa linha e acho que nem consigo voltar mais, regredir (ou não).
Seja o que há de ser, ainda sou como a primavera, vou crescer novamente, essa é a graça.