sexta-feira, 30 de julho de 2010

não é nada sério, sério mesmo.

Calma, deixa eu explicar.
Não é falta de confiança é só insegurança de quem gosta, entende? Medo de perder, pode até ser bobo, mas existe. Porque eu já mostrei tudo que eu tinha pra mostrar, usei quase tudo que tinha, pra dar motivos pra ele ficar em tão pouco tempo e isso é quase suicídio amoroso, porque ninguém fica sem que algo o atraia, acho que ser eu não é um atrativo tão forte assim e ele faz o tipo de quem enjoa rápido.
Na verdade eu não mostrei, eu joguei em cima dele um monte de verdades, medos, pesos meus e na situação em que a gente tá é muito mais conveniente pra ele continuar onde estamos, dá pra ir embora de um modo teoricamente compreensivo.
Na verdade é bobagem, porque no todo temos o que todo casal tem, mas ainda há um certo desconforto da minha parte fazendo com que eu ache que estou perturbando e enchendo, quando mando mensagens, ou quando comento sem querer que ele chegou cedo, sei lá, pode parecer desconfiança, cobrança de alguém que não tem por que cobrar. Não que quando a situação mudar eu vá cobrar loucamente um monte de coisa e vá virar a psicopata, na verdade eu só não vou tomar tanto cuidado com as perguntas que faço, não vou ter motivos pra ter medo, afinal uma relação é isso.
E também se não fosse pelos outros eu poderia tá um pouco mais tranquila, tirando a distância também e os dias em que ele parece tá estranho- ou que ando noiada demais.
Por incrível que pareça, se alguém me perguntar se eu quero realmente me comprometer, eu prontamente diria que não, porque não quero mesmo. Mas se alguém perguntasse se eu realmente quero me comprometer com ele, eu prontamente fecharia a cara e pensaria que sim, mas responderia que não.
Não é complexo, faz sentindo. Calma, deixa eu explicar.
Querer nem sempre é poder, sabendo disso não fico sonhando com coisas iluminadas no meio da sombra, não faz sentido, na verdade até machuca. Não é que eu não possa, é só que pra mim compromisso dá trabalho mesmo, a gente não tem tempo, a minha família não tem saco, não sabe respeitar o limite de onde já chega de dar opiniões. Não é por isso, sabendo da realidade, que eu não queira mesmo assim, porque temos algo e a tendência das coisas é ir pra frente, completar as fases e a tendência da gente é seguir as tendências, entende? É a mania estranha de sempre sentir falta do que não temos, por mais que não faça diferença pra gente.
E sabe o que é mais engraçado nisso tudo, é que eu vou me surpreender se ele pedir compromisso e vou precisar pensar sobre isso um pouco até poder responder, não é nem por doce, mas é porque existe o fator: acima de tudo não convém a mim essa situação.
Me encontro mais uma vez entre o gostar e o pensar, eu me enrolo toda e depois viro rolo de lã pra gato brincar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

costume encaixa


Eu tenho medo do costume, tudo que acostuma encaixa. Encaixa no beijo, no abraço, na rotina e prega na gente. O problema não é você encaixar numa pessoa, é ela encaixar em você, entende? O contrário dá idéia de dependência eterna, se ela encaixa cria uma possibilidade de desencaixar, não está mais nas suas mãos.
Acostumar-se com alguém requer esforço, trabalho, rotina e uma porção de medo da solidão, querendo ou não você constrói um cercadinho em volta da pessoa, planta flores e as rega todos os dias. Passado mais um tempo, o cercadinho de madeira vira de tijolo por necessidade, sua pessoa precisa de segurança e proteção, as flores estão crescendo e precisam de adubo e de cuidados. E encaixa. Você acostuma e ao olhar pra cima se depara com um castelo imenso, um jardim enorme e uma ponte esperando você entrar.
E incrível como as coisas acontecem, é quando tudo está pronto para você entrar no forte que construiu que a pessoa, sempre tão protegida, descobre que não era bem isso que ela queria, que o negócio é legal e tal, mas que falta alguma coisa e opta por ir atrás desse "alguma coisa" e você fica lá, olho marejado, coração na mão e uma cara de desolado.
O problema nem está na saudade em si, o caso é: o que você fará dos seus dias a partir daí? Você passando dias e dias, meses e meses, alguns até anos, construindo e cuidando da segurança e do coração daquela pessoa, que esqueceu dos planos que tinha, que não tem mais os amigos de antes, que todo o resto virou nada e a única coisa que fazia você se sentir vivo e capaz era aquele alguém. Mas desencaixa.
Muita gente não leva a sério, não se importa, porque muita gente nunca se deu ao trabalho de riscar com giz em volta da pessoa amada um círculo, ou um quadrado, ou qualquer coisa que simbolizasse cuidado e são esses tipos que irão desencaixar de uma maneira tão prática, que ainda farão você acreditar que a culpa é sua.
É, acostumar é um problema grande, o pior de tudo é que acostumar acontece, Talvez, por isso eu não sossegue.

segunda-feira, 26 de julho de 2010


As pessoas sempre vão embora. O velho clichê bate na porta de todos um dia.
Algumas foram porque eu quis, outras por conta própria, talvez eu até quisesse que fossem, talvez eu até tenha feito elas irem. Mas o fato é que algumas... Algumas retornam, e por mais amargo que tenha sido pra mim e por maior que tenha sido o sentimento de abandono e solidão eu fico feliz, porque posso ao menos fingir ter estado bem durante esse tempo que passaram distante, poder dizer que passei bem e que não preciso de ninguém pra resolver minha vida.
Essa atitude boba faz com que a vergonha que eu tenha sentido de ter sido abandonada alivie um pouco e falte na mente depois de um ou dois dias, é como fazer um monte de besteiras, falar tudo que você queria falar pra alguém na frente de todo mundo em uma festa lotada e depois dizer que estava bêbada. Apesar de não ser desculpa, as pessoas entendem e aceitam. Acontece.
Eu ando com essa sensação estranha de que alguém vai embora, embora de verdade. Essa sensação de quem já tomou uma decisão, mas não percebeu. Uma estranha sensação de que daqui pra frente irei a lugares especiais com alguém que não faz com que eu me sinta assim, que deixarei algumas coisas por fazer e colocarei a culpa no tempo que é curto pra todo mundo. A sensação de que voltarei a viver de desculpas e mentirei um pouco.
Um dia a gente sente necessidade de voltar, para rever algumas coisas, refazer outras e principalmente para ter certeza se foi certo ir embora ou não.
Nem sempre andar pra trás significa falta de prosperidade, às vezes é preciso regredir para poder avançar duas vezes mais.
Acho que vou regredir um pouco para entender as atitudes que tomei, os medos que tenho e a desconfiança que adquiri com o tempo, são coisas que não vieram de agora e que, apesar de terem sido resolvidas no passado, se fazem presente toda vez que entro em alguma relação que haja sentimento e corpo. Palavra e ato, entre homem e mulher.
Em algum momento do lugar que deixei, eu consertei umas coisas e desconsertei outras. Acho que acontece com todo mundo, acho que isso que faz com que, mesmo aos 60, a pessoa não se sinta pronta pra ir embora, ainda ache que muita coisa ficou por acabar. Então a maturidade não existe. É uma prova viva disso, se caso maturidade seja alcançar um nível completo de alguma coisa.
Mas não faço isso pra ser madura, nem pra parecer madura, é que na verdade descobri que o meu objetivo maior aqui, além de tentar ajudar as pessoas que posso, é ser o melhor que eu puder ser. Eu sou uma espécie de mecânica  de alma. Quando tem algo de errado em mim, eu não sossego até resolver. Por isso tenho tanta agonia em saber que errei, que tenho algum problema, porque a cada dia que passa se torna impossível consertar tudo sem desfazer algumas outras coisas. E até quando eu vou desfazer pra poder consertar? O que mais eu vou desfazer pra poder melhorar? Acho que tudo depende do caminho que eu seguir e das pessoas que eu encontrar.
Não sei se quando eu voltar alguém vai sentir a felicidade de poder dizer que não sentiu minha falta e que tem andando muito bem, obrigado, tanto faz, eu sempre levo comigo passado, futuro e presente na mesma sacola, então de qualquer forma nunca estarei sozinha e sempre saberei, em suma, quem eu sou.
Apesar de ir embora muitas vezes e voltar algumas, eu não esqueço de nada e nem de ninguém, o mal do meu alzheimer é ficar parada, enquanto ando as memórias são bem claras, um pouco esquizofrênicas, afinal não consigo consertar sem desconsertar antes.
Aoa que foram e vão, o meu sincero adeus e obrigada. Aos que deixei, fiquem com um pouco do meu coração velho.

domingo, 25 de julho de 2010

Abolição as férias de Julho, já!

Julho tem os domingos mais quentes de todo o ano, é o mês de câncer, pessoas extremamente inseguras e chatas. É quando todo mundo deserta a cidade e vai em busca dos famosos amores de verão e porres inesquecíveis. Os namorados dão um tempo, os ficantes terminam e os que não terminam ficam com o coração na mão.
É o mês que tudo acontece pra todo mundo... Menos pra mim.
Eu nunca tive um amor de verão, nunca tive férias inesquecíveis, eu não bebo e geralmente meus relacionamentos nunca duram o suficiente pra virar namoro e quando duram acabam antes mesmo das férias. 
Julho é sinônimo de solidão pra quem fica, solidão e diabo, porque este calor remete ao inferno, por mais que eu nunca tenho ido lá!
Essa liberdade que Julho respira aguça uma vontade em mim de fazer alguma coisa, muitas coisas, é quando consigo acordar cedo, sorridente e com força de vontade pra estudar, trabalhar e qualquer outro verbo terminado em ar, mas não se tem nada a fazer, é férias! Seria uma ótima chance de passear, espairecer e fluir pela cidade, mas não tem ninguém aqui e se tem, tenho sérias restrições, quanto a sair com desconhecidos, então dá na mesma.
Sem contar que é o mês em que eu mais penso em tudo que aconteceu, porque eu tenho tempo livre demais e é isso que acontece quando se dá tempo livre para alguém pensante, ela pensa! E pensar muito era a última coisa que eu queria pra mim esse ano, porque pensar muito me paralisa por tempo indeterminado e faz com que eu tome decisões nem sempre muito boas, tomo decisões por mim e pelos outros- isso é um problema.
Já pensei em tomar uma decisão esse Julho, resolvi que perderia minhas vergonhas, aí voltei atrás e resolvi que me afastaria de tudo que pudesse fazer com que eu resolvesse perder minhas vergonhas, porque essas vergonhas não são coisas tão bobas quanto parecem ser, eu percebi que fazem parte de alguma síndrome do pânico completamente nova e minha. Mas afastar o que me faz querer perder a vergonha, é afastar pessoas, é afastar alguém que pode ser muito útil, quando eu quiser perder tudo que ainda tenho, literalmente. Não sei se devo fazer isso ainda, evitaria problemas futuros tanto pra mim quanto pra ele.
Enquanto todo mundo tenta arduamente retroceder os minutos, não olhando pro relógio, eu tento arduamente passar eles, nem que seja olhando o tempo na frente do microondas esperando a pipoca aprontar. É o mês que eu mais assisto filmes também, não que eu goste de filmes, é que, na verdade, eu gosto de pipocas e comer pipocas apenas por comer não tem graça nenhuma e dá um peso na consciência, os filmes são desculpas apenas.
Com Julho vem as olheiras de ficar acordada até as cinco da manhã, as dores no pescoço de sentar de mau jeito na frente do computador, os estresses, a convivência com a minha mãe, que é um pote de grude, a falta do que fazer, o peso na consciência de fazer alguma coisa que terei de fazer no semestre que vem, a falta de gente pra conversar, eu me sinto carente, chata e encho meu blog de textos amargurados que me deixarão puta da vida quando ler de novo. Julho passa rápido, mas de um jeito vagaroso, quando termina ainda tem as reclamações do fim, as histórias que não presenciei, a cara de "ah, que pena que você não foi, poxa vida, chatinho" tu acha? Magina, meu Julho foi ótimo, de bobeira :)
Eu gosto de férias, só não gosto de férias em Julho. Se é por falta de férias, temos Dezembro, que é férias também, ainda tem feriado pra comer, natal, ano novo e quase todo mundo fica na cidade porque tem família, dá pra todo mundo comemorar junto e se divertir. Tem Janeiro, que é ótimo, não é quente e os que viajaram voltam e trazem lembrançinhas e palavras de saudade, porque geralmente é viajem com família e eles se sentem que nem eu me sinto em Julho, mas sem tá em casa.
Eu bem queria secar as praias de Salinas e de Mosqueiro, esburacar a estrada e fazer chover bastante! Mas todo mundo merece ser feliz, espero que o resto dos meses sejam bons pra mim para compensar o mês dos infernos que eu passei.

sábado, 24 de julho de 2010

PORRA!

Se tudo fosse amor e o amor fosse discreto em atos e olhos contentes, talvez eu estivesse mais feliz por hoje. Talvez, eu fosse mais feliz pro sempre. Por agora que amor é alma e corpo, as pessoas não me entendem.
Minha alma quer uma coisa, meu corpo sentencia obedecer então minha mente fecha e nada acontece. O impulso vem, vem forte muitas vezes, mas eu treinei tanto minha mente para ela me domar, para domar os instintos que me faziam mal, que agora ela é mais forte do que todo o conjunto da obra.
É a força do hábito. Provocar para sentir um pingo de desejo, mas limitar os toques. Respirar e pensar cinco vezes antes de fazer algo que eu possa me arrepender, segurar a barra do ímpeto e sentir segurança em mim. Falar e ser entendida ou pelo menos respeitada.
Hoje, ninguém entende a brincadeira, talvez não tenha mais idade para brincar. Se eu pensar mais de uma vez no que meu corpo quer fazer, eu não faço, travo, contradigo os planos e cada vez mais me sinto insegura, mais sozinha. E quando eu falo, parece não ser o suficiente, ninguém entende, ninguém entende de jeito nenhum, porque todo mundo acha que o problema está consigo, que o problema é falta de confiança, de vontade.
Eu não aguento mais tantas perguntas para responder, eu não sei as respostas, se eu soubesse resolveria meu problema. Parem de me questionar e de criar diagnósticos, é só um medo. É vergonha! Vocês nunca sentiram vergonha na vida? E nas apresentações da escola, o que vocês sentiam? Sabendo que os pais de vocês, as pessoas mais importantes, estariam ali te vendo fazer uma coisa boba a qual você nem sabia direito o porquê de estar fazendo e não se sentia preparado para fazer. Eu me sinto assim.
Qual o meu problema?! Qual é o problema de vocês, isso sim!!!! O meu problema é simples: falta de segurança em mim. Até onde eu sei eu não devo explicações para ninguém de quem eu sou e como funcionam as coisas aqui dentro, até onde eu sei meus medos são meus até alguém senti-los também e até onde eu sei sempre tentei de tudo para agradar a todos que amei, que amo, e sinto muito se não consigo ser completa, se não consigo ser o todo tão desejado. Sim, eu tenho problemas então, problemas de auto confiança, de amo próprio e deveria não ter noção do ridículo pra poder, por fim, andar nua pela cidade e acabar de vez com a vergonha que tantos não entendem.
Que fiquem com raiva, curiosos e achando que não me importo. Não me importo mais. Minha agonia não vale um centavo da preocupação de vocês. Eu não sei fazer isso, eu não sei ser de alguém, acreditar em alguém, ter coragem pra partilhar com alguém o que sempre me incomodou, que de tão meu nem as pessoas que mais sabem de mim conhecem, que intimidade é essa que a gente cria das sombras de alguns meses? Eu desconheço, eu não sinto!
EU NÃO SEI! Eu não sei ser mulher, eu não sei fingir que tá  tudo beleza ficar pelada na frente de alguém cuja opinião me importa demais, ainda mais na fase do "estamos no conhecendo pra vê se dá certo". Não dá.
Não acho que vão tirar fotos minhas e espalhar pela cidade, não acho que vão ficar falando para todo mundo o que fizemos ou deixamos de fazer, não ando com tipos assim. Eu só quero me sentir bem, eu só quero olhar pra mim e ver alguém que chame a atenção, que cause uma boa impressão, alguém seguro, eu quero me sentir bonita para poder ser bonita para outra pessoa. NÃO TEM NADA A VER COM NINGUÉM! É coisa minha comigo. Poxa, se eu não me admiro, como alguém pode fazer isso? Se até eu, que me vejo todo dia, sei como eu sou de cabo a rabo, não estou contente com o que tenho, como alguém poderia estar? Não é tique de mulher insatisfeita, é só o meu realismo falando por mim. Porque se esse corpo não fosse meu e sim de outra pessoa, continuaria pensando da mesma forma que estou pensando agora. E se fosse homem pensaria do mesmo jeito. Eu não faço o tipo de ninguém, não desse jeito, eu sei disso!
Isso anda me dando tanta raiva, que eu só quero pular fora e sumir até resolver. Tipo, ir pra casa do cacete com o intuito de não gostar de ninguém apenas pra perder a vergonha e resolver essa agonia de tantas perguntas e falta de entendimento. Fabricio Carpinejar falou que o embaraço do sexo não decorre da ausência de intimidade e sim da própria intimidade, da vontade que se tem em agradar a pessoa amada, de ser o melhor que pode, de dar o melhor para quem merece, para poder retribuir a felicidade e a satisfação. Talvez, se os homens não fossem tão visuais, eu poderia me sentir mais a vontade. E se o problema dos outros não parecesse tão fácil de resolver, quem sabe eles não me entendessem?

sexta-feira, 23 de julho de 2010


perceber o mundo é uma graça, perceber-se é um dom.
O ao "pé da letra" nunca me agradou, talvez, por isso minha flor preferida seja a de Lis- um galicismo que significa lírio. E a ironia sempre acompanhando meus sonhos ao pensar que quero ter filhos que não usem fraldas descartavéis, lembrando que não sei lavar roupa.
Os inteligentes me atraem, mas o vocabulário me repele. Não os entendo. O que é litigioso? 
São coisas assim que fazem com que eu crie um mundo, um pequeno mundo que me satisfaz por quase completo, minha humildade não deixa chegar aos cem porcento.
Nele onde tudo que não fiz, não faço e, com toda certeza, deixarei de fazer, acontece. Só de piscar escorrega. Enquanto que, até piscar, aqui fora é perigoso.
Sabe, eu vivo dentro dessa casca de vime colorida, que eu mesma pintei, com os olhares que eu mesma criei e as caras que desenhei. Algumas pessoas conhecem alguns lados, outras toda a superfície, mas todos eles imaginam, se a parte de dentro do vime é inane. 
Para falar a verdade existe um Q de futilidade, não posso negar, por isso a casca persiste, juntamente com isso surge o trabalho que tive em construir essa casca, as pessoas que perdi, as que ganhei, as que nunca tive, as que terei, esse futuros pretéritos agora, são os que movem meu esconderijo, essa borda de proteção colorida e de vime. É o que dificulta o translado e a fidelidade dos fatos.
Eu me importo tanto, porque vejo de dentro, de onde nada atinge a não ser fagulhas de curiosidade, consigo ver que a menina do canto está triste mesmo sorrindo sempre, só pela cara que ela fez na segunda música que o professor cantou. Pude perceber que aquele pedido de carinho silencioso feito pela cabeça em minha mão, era mais um jeito de saber que se ele precisasse pediria ajuda, se eu desse espaço seria consultada. Porque essa casca me permitiu olhar dentro da capa dos outros, da parte da frente que todo usam, uma espécie de armadura de proteção contra qualquer alguém que os ameace, ou não.
Já tive uma dessas, sei bem como é e sei bem como perder. Foi quando perdi uma que construí com vime a casca, é um todo de proteção. É de vime, porque nem sei o que é vime e nem sei como fiz isso, mas tenho!
Tenho vergonha, sei que posso falar, mas calo. Porque no fundo ninguém precisa saber quem eu sou de verdade, eu satisfaço desse jeito, para que mostrar o que mata a curiosidade? O que ninguém conquistou eternamente?
Ah, por isso que nem quero mais me casar, porque já casei dentro da casca, milhares de vezes com esse mesmo homem que me satisfaz todo dia, quem eu procuro fora do não-oco e não encontro sem armaduras. Ah, por isso que nem quero mais todo esse lance com o corpo, todo esse toque, mãos e sabe lá o que mais, porque ninguém toca, faz, como o que mora comigo, toda vez que acho alguém de fora surgem falas caladas "o que é isso que ele está fazendo?", "mais em baixo, querido, você consegue" e nada! Nada comparado ao que homem de dentro faz comigo. Nada. Ninguém. Não posso ensinar, seria injusto com o de dentro. Não posso falar  por que  não conseguem, porque seria injusto, não faz parte de uma das minhas faces e sim do que tenho dentro, dentro da casca de vime. Eu quero sair, mas a casca se fecha lembrando das outras capas, que, unidas, podem destruir o enxerto em um segundo. Tenho muito medo de ser fulminada apenas com olhares de desaprovação. Eu tenho medo de ser extinta, porque eu sinto que sou a única pessoa que pode saber quem eu sou e para que eu vim.
Talvez, se eu conseguisse casar comigo poderia viver fora da casca ou, talvez, viver com alguém que segurasse a minha mão do lado de fora, até eu ter coragem o suficiente para botar os pés. Pode parecer ser coisa de pai, mas meu pai nunca fez isso, então pode ser coisa de amor. 
Com um terço estou feliz o resto dos terços, não sei, me faltam com tanta vontade. Porque um terço de mim me satisfaz tanto, que chego a pensar que não ficaria tão perfeito se fosse em outra pessoa, mas o resto...
Um terço das coisas me entra tanto, que eu já não sei se é meu ou de outro, mas o resto...
Porque um terço das coisas que me deixam felizes foi o que tirei de alguém, ou aprendi, ou partilhei.
Mas como alguém vive de terço? Já pensei: carreira pra religiosa, virar freira, beata ou a própria Maria. Viver para os outros, em função de outro, girar em torno de algo para poder tudo fazer mais sentido e parecer mais vivo. O ser humano precisa crer, falta-lhe a visão, mas a fé não larga.
Falta-me o mundo, mas a vergonha não me solta.
Então percebo que o problema não está nos narcisos, nos metódicos, nos inconvenientes, nos oportunistas e nem nos falantes, o problema está em mim. O problema do mundo é a falta das pessoas em si.
Portanto o fato de achar que estou sendo espaçosa demais falando tanto de mim, de me achar apática ou desvirtuosa esteja no meu olhar, nos meus ouvidos. Afinal, quem liga realmente para o que o outro fala? Afinal, quem se importa realmente com o que o outro sente? Afinal, quem realmente quer ouvir a dor alheia?
As pessoas perguntam por curiosidade, conveniência, na espera de reciprocidade de atenção. Escutam por obrigação, para serem ouvidas ou fingem muito bem. A dor alheia não é nada perto do que nos doí.
As minhas coisas são tão minhas que eu tenho medo de fazerem parte de um terço de alguém. Não consigo contar tudo, ninguém consegue, mas eu queria contar.
Queria poder dizer que já partilhei de tudo com alguém, que aquele fulano que peguei no escuro é o mesmo que ficou sabendo que, quando eu era criança, tive que tomar remédio para crescer, o mesmo que levou a sério o que acabei de citar e não fez piadas quanto ao meu tamanho, mesmo tendo tomado o maldito remédio. Porque eu posso ser irônica, sarcástica e maldosa muitas vezes. Aparecer por cima e, com o olhar, fazer pouco dos que me olham. Mas tudo isso é uma chamada silenciosa de atenção. E seria uma prova de amor alguém se tocar disso,  importar-se com isso e com todas as coisas que não conto, mas que meu olhar entrega.
Sem brincadeiras, eu falo com meu corpo o que não sei falar com a boca, o que minha consciência não me deixa soltar sóbria. Eu tenho tanta vergonha que me prende até o ar, se minha mente achar inapropriado para a ocasião.
E encontrar alguém, que mesmo assim, não me acha louca seria um sonho! Alguém que se ajoelhe junto comigo, quando lhe pedir perdão. Alguém que valha a pena ser chamado de "amor", porque seria tão doce, apesar do jeito rude de homem, o modo sútil que me trata que até as brisas teriam inveja da suavidade, até o mundo queria ser gente para poder sentir o que é ter alguém diferente.
Eu quero encontrar um dia alguém que eu admire tanto que deixarei até de dormir só para ficar feliz em vê-lo ao meu lado. Alguém que mereça a propaganda que faço, que não desmanche o meu sorriso ao partir. Porque todo mundo vai embora um dia, é impossível ficar um sempre eterno.
Não quero ter orgulho de belos olhos que olhei, de gostosas bocas que beijei, são coisas facéis de encontrar, são coisas simples de se ouvir, todo mundo tem. Mas alguém assim, imune aos vícios do orgulho e da fraqueza, seria coisa minha. Parte do mundo que eu sempre crio.
Uma pessoa assim seria a realidade do meu mundo paralelo, da minha mente.
Porque um terço de mim viveu exatamente como eu quis, mas o resto só sentiu o que eu queria esvair-se a cada segundo que minha vergonha domava meu corpo, que o medo de rejeição tomava conta da minha fala e omitia todo o desabafo.
Realmente, o problema não mora nos narcisos, nos metódicos, nos inconvenientes, nos oportunistas e nem nos falantes, o problema sou eu reparar em tudo isso e ficar com medo de ter um terço deles em mim.

domingo, 18 de julho de 2010

Quando fico de cabeça vazia tenho um medo danado de subir a escada no escuro, de abrir a porta de noite e ficar sozinha no quarto, com o meu vazio. De cabeça vazia eu durmo direito, eu deito melhor e o lençol fica mais macio. Sinto saudade da minha mãe, das minhas amigas e dos desenhos que eu pintava com tinta guache de manhã. Procuro as camisolas com desenhos coloridos, sento perto da janela e percebo que durante muito tempo, de cabeça vazia, eu quis estar onde eu estava agora, ter a idade que eu tenho, poder namorar, sair, fofocar e ter histórias pra contar de verdade. Então percebo que não tenho saudade de ser criança, na verdade eu só tenho medo de crescer mais que isso, ter de ser mais que sou. Responsabilidade é uma bigorna pra quem foi criado com zelo.
Eu tenho medo de crescer. Eu tenho medo de ter que dirigir e poder atropelar alguém, de ter que pagar contas e poder ser assaltada, de ter medo de tudo porque crescer é ter que andar de olho aberto sempre, tudo é mais cinza, porque o mundo é cinza com essa poluição toda de fumaça, de coração.
Eu não quero crescer, porque eu ainda não sei cuidar de alguém, eu não sei nem cuidar de mim, ser mãe é coisa de sorte, ou sabe ou não sabe, eu dei muita sorte, minha mãe sabe. Não perguntei se ela tinha medo de crescer, porque minha mãe sempre foi grande, sabe? Ela sempre andou com as pernas dela, somente com isso e crescer foi só mais uma dessas coisas que acontecem na vida da gente, como aprender a fazer café.
Eu ando de muleta por aí. Pra cuidar de alguém a gente tem que segurar na mão da pessoa, uma coisa assim, e se eu segurar na mão de alguém, ou essa pessoa vai ter que me apoiar, ou nós duas caímos.
Eu tenho medo de crescer. Porque a primeira transa não é que nem o primeiro beijo, depois disso não tem mais nada, só responsabilidade, não se imagina mais nada, só se pensa pra sentir. As pessoas pegam caminho, criam laços opostos e dispostos ao afastamento. Elas crescem e aparecem, é a pura verdade. Elas aparecem sozinhas, de um modo que só elas se bastam e o mundo vive esse festival de pontinhos egocêntricos e errôneos.
É por isso que tá tudo meio errado e triste, porque os adultos de hoje são crianças precoces. Um dia a gente aprende a dividir o lápis e no outro dia a gente tem que dividir nossa vida com alguém, fazer essa pessoa entender o que passa dentro da gente pro coração dela acalmar. Mas você nem sabe quem é, aprendeu um dia desses que viemos de uma sementinha plantada com muito amor, mas você não sabe plantar uma sementinha ainda e por isso tantas crianças são sós. É um ciclo vicioso, viciante. Porque ser adulto é fazer o errado sem saber porquê e ainda dizer que é certo, só pra não parecer errado, porque são tantas dúvidas que nos cercam, que não queremos outras pessoas duvidando da gente.
Eu tenho medo de crescer, porque ser adulto é ter mais medos do que agora. Todo mundo espera alguma coisa de você, mesmo sem nem saber quem você é, se um dia for educado, tem que o ser sempre. Se um dia cometer um erro, todo mundo acha que cometerá sempre. Eu tenho medo de crescer, porque crescer bem requer sorte e sorte é uma coisa que não se vende e não se ganha. Ou se tem ou se perde.
E principalmente eu tenho medo de crescer e esquecer de quem eu fui e do porquê de ter tanto medo de crescer, eu tenho medo de crescer, porque o mundo não vai mudar até lá. O mundo é mundo desde que minha vó se entende por gente e antes da minha vó existiram outras pessoas grandes, que conheceram o mesmo mundo que conheço hoje.
O mundo é mundo desde que todo mundo ache que tenha que ser assim.
Poxa vida, sou chata mesmo.
Passei 17 anos com duas mulheres de pavios curtíssimos, de gênios fortíssimos, de gritarias constantíssimas e muito amor.
A parte do amor parece aliviar muitas coisas, mas na verdade foi o que complicou tudo. Hoje, eu sou uma geniosa em tratamento, com um pavio ainda curto de ponta molhada, falo alto e não sei discutir sem levantar a voz, sei lá, parece que desse jeito eu tenho mais razão- eu sei que não.
Mas apesar de tudo, tive amor... Eu sei, eu tive e por isso, que hoje, eu sou mimada.
Minha vó gritava daqui, minha mãe gritava de lá e eu sabia que tinha feito alguma merda muito grande, ou não, e que, muito provavelmente ia levar porrada, mas depois ganhava uma Barbie e tava todo mundo feliz de novo. Ê! Gostosinho.
Mas com essa coisa toda de brigas e Barbies, eu meio que me perdi no que seria certo de aceitar e no que seria exagero. Porque não é fácil você conviver com pessoas que gritam por lazer e brigam pra se soltar, no final ganhando a Barbie Califórnia sem saber porquê.
Conviver com mulher é coisa difícil e a gente ainda reclama de homem não entender. Pelo amor de Deus, você entende a sua mãe? E a sua vó que te promete de porrada o dia todo, cagueta pra  tua mãe e na hora de levar os tapas ela diz que não é preciso violência?
Agradeço todas as vezes que perdi a razão, paguei de louca, chamei a atenção na hora errada e não aceitei brigarem comigo mesmo estando errada à minha avó e minha mãe, que sempre me mostraram que gritar nunca é demais. Mas agradeço ao meu pai pela falta de convivio, porque me fez ser uma pessoa melhor!
Muito obrigada pelos defeitos, sem eles eu seria insuportável e não teria todos os contatos que tenho no Orkut.
Mães, amo vocês.

Eu gosto

Eu gosto de escrever, eu lavo a alma, me sinto leve depois.
Não é como contar algo para sua amiga, ou gritar na rua, qualquer coisa dessas que envolva alguém fora da sua cabeça. Porque escrevendo eu sei que posso falar como eu quero, dizer o que eu quero, sem me preocupar se a pessoa vai retrucar, ou achar que eu enlouqueci de vez.
As letras são ótimas, elas dão preguiça pra quem lê e só interessam pra quem quer, e ver elas correndo sem parar não dá vontade de parar nunca e desse jeito eu me forço a escrever tudo que em todo esse tempo eu reclamava de não conseguir expelir.
Eu uso menos vírgulas, menos pontos e penso menos, me alivio e dou graças.
Cuspir textos não dá tempo de lembrar de outros textos que eu li, tão bonitos, tão enfeitados e sutis- ou não- textos ótimos, de pessoas fabulosas e extremamente inteligentes, mas que não são eu, que não me conhecem e nem sabem do que passa aqui na minha cabeça, então não adianta de nada palavras difíceis se não transpassam nem o mais simples do que eu quero.
Esses que estão aqui, sou eu, são coisas que sempre que eu ler vou me sentir em casa, porque, por mais que eu saiba que veio de mim, são palavras de conforto.


Um texto sincero e cuspido

Meu mal é fome, sabe? Todas essas noites mal dormidas, os pensamentos que não param, as vontades que não passam. Eu tenho uma sede enorme de desejos que nunca serão cumpridos do jeito que deveriam ser, porque somente eu não basta. Não basta também gostar de solidão sozinha, quando se quer alguém do lado para partilhar segredos.
Por falar em segredos, poderia te falar que nada dá certo porque eu tenho vergonha de muita coisa em mim, de muita coisa que me cerca e consequentemente, se reparares bem, eu tenho vergonha de mim. Cada pedaço de mundo que me redoma sou eu e cada vergonha que chega nesse mundo é minha.
Eu sei que daqui há muitos anos eu vou estar pior de saúde do que estou, eu vou ser pior de alma do que sou, porque há cada ano que passa eu não me encontro em nada e nada é longe de tudo, sabemos disso, não é verdade?
E todos esses textos com perguntas retóricas e repetidas, são todos textos chatos, insuportáveis, que me fazem querer gritar de tanta impaciência que eles me passam. Eu tenho grandes idéias, grandes coisas em mente, mas não sei o que fazer para passar todas elas para cá, eu não sei como me guardar pro tempo, como pode uma coisa dessas? Como pode tanta coisa dessa em uma só pessoa?
Tô cansada de mim e puta da vida de ter que falar isso sempre, achar isso quase toda vez, pensar que estou sendo chata com todas as pessoas que não me deixam, achar que tô invadindo espaços, derrubando coisas transparentes e de não estar satisfeita com nada que seja meu. Porra, não quero mais isso, mas isso me quer demais. Isso não sai. Isso nem tem nome e Isso me deixa fula da vida, porque eu não posso nem gritar, sequer, o nome do que me deixa com raiva, como simbolismo para expulsar ele de mim. Palavrões não bastam mais, são tão poucos e se formos ver não significam a mesma coisa para todo mundo e em muito lado do mundo nem significam alguma coisa. Mas eu sei que em algum lugar tem alguém que sente Isso. Como eu sei que em algum lugar tem muitas pessoas que cercam a pessoa de quem estou sentindo falta agora, sendo que elas nem dão realmente o valor  que ele merecia ter, mas Deus, para variar, sempre dando asas para quem não pode voar. De tanto ele escrever certo por linhas tortas, estou com dor nas costas.
Amigos, calem a boca por um minuto, todo mundo é muita gente- como diria um cara de quem não gosto mais- e meus ouvidos são dois. Se cada um ficar no seu quadrado o redondo está protegido, porque provavelmente mandaria todos tomarem no cú!
Ah, mas tanto faz, porque meu mal é fome. Vou comer cream cracker com patê, eu acho que não engorda.

Pára. Tá tudo errado.
Quando eu pedir pra me deixares em paz, não vai embora, eu só quero que renoves para mim tua vontade de ficar. E quando eu fechar a cara e ficar calada, não me deixa sozinha, não me dá espaço, me abraça, diz que me ama e que vai ficar tudo bem.Quando eu disser que não tenho ciúmes, não quero te prender e que todos somos livres pra fazermos o que quisermos, não fica chateado, é que o orgulho não me deixa ser sincera, mas a minha vontade é de te prender dentro de uma caixinha para seres meu sempre.Quando eu acordar no meio da noite, sozinha, estranha, só me deixa te olhar dormindo, só pra eu ter a sensação de estar respirando um ar purificado por ti e para pensar sozinha o quanto eu tenho sorte de te ter na minha cama.Não fala muita coisa, não sou boa com palavras e fico embaraçada por não poder retribuir o carinho dito. Mas gosto de mãos dadas, cheiros no pescoço e aceito olhares sinceros. Se eu disser não, mais de três vezes é porque não quero realmente, no final eu vou sorrir, mas não pergunta de novo, só estou retribuindo o respeito.Para mim existe diferença entre o dizer, o fazer e o querer, então nunca espere  que eu faça o que eu disse, só porque eu comentei querer, porque pouquíssimas vezes as três coisas vão condizer. E eu falo muito "quando" e "se", porque prometer coisas é algo difícil para mim, já que todo dia acordo diferente. Eu escrevo muito, mas não escrevo bem. Eu falo muito, mas não falo bem. Eu sou muito, mas não sou muito bem. Se nego tanto é porque acho que oferecer prazer é promessa que deve ser cumprida e dar prazer é responsabilidade de quem se gosta. Eu gosto de agradar. Eu tenho um apego imenso em agradar as pessoas e qualquer besteira é importante para mim, se caso tratar-se de gosto. Não ignore nada, mesmo quando disser que não é importante, porque, por menor que seja, sou eu. Eu sou chata mesmo, eu irrito mesmo, eu provoco mesmo, quero conhecer todos os teus limites e te ver com raiva. Eu quero poder gostar do teu pior. Hoje, eu tô chateada, deverias estar aqui, fazendo tudo que acabei de dizer e me fazendo amor.

sábado, 17 de julho de 2010

1.1

Fernanda,
Ontem terminei com a Lu. Do modo mais canalha que eu podia fazer. Disse que tinha cansado da gente, que não rolava mais.
Eu não sou homem suficiente pra ela, sabemos disso, só ela que não via, Taurina teimosa, gosta sempre do que não presta. Durante esses 3 anos ela sempre foi uma das melhores pessoas comigo, apesar das farras, dos porres e das meninas que corriam atrás de mim e depois das gritarias, das caras feias e das dormidas sem nada, eu sempre pedia desculpas e ela aceitava.
Ela tem uma carreira muito bonita pela frente, cara. Ela merece alguém que queira a mesma coisa que ela. E eu não sou essa pessoa.
Pra falar a verdade pensei estar fazendo isso para o bem da Lucca, mas depois percebi que essa relação também não me cabia. Talvez nenhuma relação me caiba.
Eu não sei lidar com companhias, com gente ligando, eu não sei ligar, eu fico nervoso quando o telefone toca e eu tenho que atender, eu fico nervoso de ter que ligar pra alguém sabendo que alguém vai atender. Eu não gosto de pessoas e eu não gosto de companhias toda hora.
Enquanto ela achava que eu tava com outra ou que tinha enjoado dela- talvez tivesse- eu só queria paz, um momento pra pensar comigo, nas coisas ruins, nos amigos bons e no que eu queria. Mas em nenhum momento eu pensei no que ela queria, no que ela merecia e nem nela eu pensava. Foi então que eu resolvi terminar, não ia gostar de estar do lado de alguém que não pensa em mim e se ela soubesse disso, com certeza, também não gostaria.
Agora, pensando no que ela falou, eu sou um paradoxo do egoísmo e do bacana. Mas afinal de contas, fiz o bom pra mim e pra ela. Eu sei que ela vai me odiar pro resto da vida e que mês que vem vou sentir falta dela- saudade não- melhor que manter dois infelizes dentro de uma casa desarrumada.
Sinto tua falta pra consertar minhas bagunças. Ias me dar cafuné agora e dizer o quanto eu sou idiota.
Quando ler, responde o e-mail. Te amo, irmã.

1

-Cansou como?
Que pergunta besta.
-Cansou como? Responde.
Cansando.
-Quer saber?! Eu também cansei, Caio. Cansei dessa vida de não sair dessa mesmísse, dessa besteira de viver de adolescente. O que é que a gente tem afinal de contas? Eu com 23 anos, quase pra me formar e tu tocando num bar, bebendo com os amigos uma semana sim, um dia não, eu quero outra coisa pra mim.
Graças a Deus.
-Não vai falar nada? Sério mesmo? Depois de três anos vai ficar calado e nem, sequer, me dizer porque diabos resolveste me largar só agora?
E precisa?
-Olha pra mim pelo menos.
Tô olhando, satisfeita?!
-É isso mesmo, né?! Não tem mais volta, sabes disso, não sabes?
Sei.
-Cara, eu sei que eu não sou a melhor mulher do mundo. Eu sei que te chateei muitas vezes, tive minhas crises de ciúme, mas é que eu sempre gostei muito de ti e sempre quis que fosses o melhor que podes ser, eu sempre acreditei muito em ti. Achava que precisavas só de alguém pra acreditar em ti, no teu potencial pra seres uma pessoa melhor.- como sempre ela ia chorar.
-Porra, desisto. És a pessoa mais egoísta, narcisista e mal-amada que eu já conheci, Caio. Mal-amada não, MUITO bem amada por sinal, eu sempre dei o meu melhor, eu sempre fui o meu melhor pra ti e nunca recebi nada em troca, nunca pedi nada em troca e olha o que eu recebo. Um pé na bunda e uma cara cínica. Quero mais que tudo se exploda pra ti e que tudo dê errado. De coração!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

3

"Don't make me close one more door I don't wanna hurt anymore stay in my arms if you dare or must I imagine you there"

Isa nunca foi dona de uma voz abençoada, mas era uma das poucas pessoas que conheço que, depois de tanto ouvir a mesma música por anos, conseguia alcançar os tons da Whitney Houston. Muito cafona, eu sei, também acho, ela também acha, mas como diz: "é uma daquelas músicas que prega na cabeça e você vicia". Realmente. Depois de três anos nessa rotina "badalada" até eu me pegava cantando o final da ponte pro início do refrão, sabe? Aquela parte "There's nowhere to hide don't make me close one more door..." 
Nunca entendi realmente da onde que minha colega de quarto havia conhecido aquela música, ou bem quisto aquela música, que seja, ela comentou ter sido de uma das histórias dela, a única da qual ela não comenta até hoje.
Entre a cozinha e a lavanderia, a campainha semi-quebrada de casa tocou, pensei em deixar pra lá, mas minha agonia de não deixar ninguém esperando falou mais alto, mas fui mais forte e resolvi ir andando devagar, chegando perto da porta eu senti um perfume amadeirado, masculino, se não me engano. Conhecia o perfume de algum lugar, talvez fosse ou do Rafael ou do Pedro, ambos namorados de Isa- acredite, ela consegue- abri a porta, então, despreocupada e... :
-Nahir?
-Paulo.
Paulo era meu famoso "primeiro amor", aquele que faz você durante anos procurar ele em vários homens e se conformar em ficar sozinha, ele me deu um pé na bunda no último ano da faculdade, porque teria se apaixonado por uma espanhola louca, me deu um pé dizendo que me amava, mas que precisava aproveitar, que tinha medo de se casar com a primeira mulher da vida dele, ele não era disso.
-Paulo, como me achaste?
-Nem eu sei. Nossa, Nahir, quanto tempo. Mudaste muito.
-Espero que isso seja bom. - sorri, sem graça, eu ainda ficava sem graça.
-Muito, estás mais linda, o tempo te fez muito bem.- ele estava sendo sincero.
-Mas sim, queres entrar?
-Na verdade, acho melhor não Nahir, tenho que ir.
-Mas Paulo, como assim? O que vieste fazer aqui?- enquanto olhava embasbacada e ao mesmo tempo desesperada, com uma sensação de abandono novamente subindo a boca do meu estômago, sem motivos, ele olhava por trás de mim, para algo atrás de mim.
-Paulo?
Pronto, o circo estava armado.
-Isa.
-De onde vocês dois se conhecem? -perguntei com a careta de perturbada.
-Bom, é uma longa história. De onde vocês dois se conhecem? - Isa, fazia uma cara parecida com a minha, mas seu lábios finos deixavam a careta mais delicada.
-Bom, é uma longa história também.
-Nem tanto, pra falar a verdade, Paulo foi meu primeiro namorado.
Isa entendeu o que eu quis dizer, ela conhecia a história. Era território proibido.
-Hum... Bom, já que estamos na sinceridade, Paulo é meu ex marido.
Sim. Minha amiga que cantava uma música cafona todo santo dia, que tinha dois namorados e apenas 27 anos, havia sido casada com meu primeiro namorado.
Enquanto nos impressionávamos juntas com aquela história casual ridícula, Paulo anunciava a sua ida, como sempre tentando tirar seu cavalo abençoado da chuva. A minha curiosidade e a mente estupefata de Isa não deixaram ele ir. Mas devo mencionar que junto com a presença ilustre do meu primeiro namorado e ex-marido-da-minha-amiga veio uma bagagem não só de surpresas, mas de roupas e tralhas. 
Paulo havia sido deportado dos E.U.A por ser imigrante ilegal, depois de ter feito uma vida tranquila trabalhando como gerente de uma padaria, mandaram-no de volta. Ele veio com uma mão na frente e outra atrás e a única pessoa conhecida dele por aqui era Isa. Eles se comunicavam por e-mail às vezes e ela havia mencionado onde morava, como andava a vida dela por aqui, entre outras coisas. Portanto, ele veio buscar ajuda, com certeza algo do qual ele se arrependeu profundamente.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Querer a fidelidade pode ser muito mais um capricho de possuir alguém do que um gostar sincero. O que me deixa bem, Amélia, é esse livre arbítrio que o homem que eu amo tem, pois da liberdade surgiu o bom senso e o respeito, ele teve de criar responsabilidade para me amar e manter o bom da gente sempre aceso.
A gente vive desse jeito que vês, sem cobranças e esperanças, somente na ânsia de viver e de saudade. Com certeza, não é para qualquer um, mas um dia todo mundo poderia pensar assim.
Claro, que o fato, de o homem que eu amo me amar, interfere significativamente no desempenho dele em torno dessa minha teoria que pra ti, até então, está parecendo furada, somente pela tua sobrancelha unida.
Eu tenho ciúmes, sim. Afinal, tenho pele, peito e coração. Mas meu ciúme é mais um zelo, do que o ciúme propriamente dito, daqueles que correm e destroem o que o outro sente pouco a pouco, meu ciúme é mais um medo de perder para alguém que ofereça algo melhor. Não é questão de confiar em tacos também, Amélia, sou boa de cama e de coração, mas é que, na verdade, esse medo de perder que move minhas montanhas, pra eu nunca me acomodar e lembrar que todo dia nasce novo, assim como a gente.
Não entendes, porque tens a idéia de que liberdade e libertinagem são sinônimos, enquanto que a única coisa que as liga é a letra "L".
Larga mão do cubismo, Amélia, olha pra frente e sente o que tu vê. Desliga a televisão, porque os melhores dramas que tens que contar são os teus.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Em suma...

É quando o sexo deixa de ser segredo, que você descobre: o prazer está na mente. É quando nas impossibilidade, você descobre de quem poderia sentir falta e quem faria falta se fosse impossível.
É quando você possui uma pessoa de corpo que você descobre que possuir alguém não basta, se for somente posse. E que somente amar não supre desejos. É quando você aprende a diferenciar diversão de gostar, paixão de amor e meninos de homens.
Você se torna mulher não pela idade, ou pelos seios, ou pelas curvas ou por quem você teve entre as pernas. Você se torna mulher, quando você passa a assumir uma responsabilidade não só com você, mas com o mundo. Sempre achei que ser mulher fosse isso, carregar o mundo, senão pra que tantos planos? E tanta coragem? E tanta manha? De alguma coisa elas irão me servir.
É uma daquelas experiências que ninguém conta, porque ninguém percebe até ser.
Você começa deixando as bobeiras de lado e aceita crescer acima das vantagens que tem sendo menina. É deixar muitas vezes o orgulho de lado para ceder uma parte sua, do seu certo, para alguém que precisa aprender muito com a vida. É ver o que machucou tanto, hoje, nem fazer cócegas.
Acho que ser mulher é uma questão de aceitação e compromisso com o equilíbrio entre o que se quer e o que tem de fazer.
Muitas vezes achei também, que ser mulher envolvia ser segura em todos os momentos, não ter medo, olhar de cima pra todo mundo e me sentir a pessoa mais poderosa em qualquer lugar. Então encontrei "mulher" em muitas meninas e não fez sentindo. Porque ser segura é algo que, ou se tem por enganar-se, ou fecha-se os olhos pra sentir. Descobri que quem não tem medo, não conhece. Olhar de cima é um questão de ponto de vista e poder é algo que somente Deus exerce. Portanto, ser mulher implica a insegurança, o medo, a igualdade e a simplicidade.
E essa história de mulher madura é um baita papo furado inventado por meninas mandonas e homens desinformados. Pra mim, ou se é mulher ou pra sempre menina.

domingo, 11 de julho de 2010

Retrato do perigo.

Pra começo de conversa os meus medos geralmente tem nome e um número de telefone, que quase sempre está na lista de últimas chamadas recebidas. Não entenda mal, eu não me relaciono com bandidos ou algo do tipo, é que essas pessoas, que acionam meu botão "perigo", tem um conjunto de características que me intrigam e me encantam, é sinal de que futuramente estarei fazendo planos para nossas bodas de ouro.
Costumo fazer planos até para o moreno, bonitinho, sem-graça, que passou na esquina da padaria me dando um sorriso. Eu faço planos pra tudo, por tudo, pra todo mundo, a qualquer hora, basta uma situação surgir e minha cabeça solta uma série de bobagens surreais que nunca vão acontecer e eu sei disso.
Imagine o que minha cabeça pinta com pessoas intrigantes e encantadoras, que não tem motivos concretos pra me quererem com tanta convicção.
Pra começo de terceiro parágrafo, o dono do último número das chamadas recebidas é tão discreto/modesto que até o verde musgo dos olhos dele ficam castanhos em fotos pra não chamar a atenção, que ele acha não merecer. O meu medo tem cabelos lisos batendo nos olhos, fazendo com que ele dê aquela mexidinha tão charmosa que a gente só vê em filme, é tudo involuntário. Ele não é robusto, nem alto, nem lindo, mas ele é de uma presença tão forte que convence até quem não repara. A beleza em si não está na beleza do todo, mas no conjunto do sorriso sacana, do olhar que pede alguma coisa que eu ainda não dei, da boca pequena, ilhada pela barba, que hora me chama e hora finge não me querer, sem falar dos dentes tortinhos que quebram toda a expectativa do charme 100% e da sensação de estar com um Johnny Depp brasileiro.
Ele é um cara normal, que se passasse do meu lado em alguma festa não chamaria a minha atenção, e que se me parasse em alguma festa não passaria de alguém com quem brinquei um pouco de conquistar, e que se me beijasse seria mais uma diversão de sábado- eu só saio nos sábados. O medo está na hora em que ele passa a me ligar todas as noites pra saber como eu estou, apesar de ter tido um dia de cão, cheio de ocupações, ele ainda ouve o dia mais ou menos, as reclamações da escola e as tiradas sarcásticas, que tive. Está, quando ele fala que está com saudade e reclama das mensagens que deixei de mandar entristecendo o dia dele. Quando ele diz que sou linda e me deixa segura de mim com exemplos convincentes e detalhados do que fazem ele achar isso. Ele faz com que eu me sinta linda a cada conversa. Ele não quer apressar as coisas e andar de um modo desesperado com o relacionamento, porque os outros não deram certo assim e eu sou legal demais pra ser desperdiçada. Mas mesmo assim ele não deixa de pedir minha mão em casamento as nove horas das noites de sextas-feiras. Ele não deixa de ter ciúmes de uma cara que achei bonito ou das ligações que recebo, nem de dizer que gosta de mim e que a gente combina. A gente combina.
Ele me deixa confortável, porque, assim como eu, ele se preocupa com o que as pessoas sentem e ele deve saber o que é agonia. Ele é o tipo do cara de quem você espera que a mesma mão que ele passou na sua bunda seja a que ele vai segurar a sua mão, quando você ficar nervosa. Ele quer a minha opinião, ele precisa da opinião de alguém pra sair do lugar e por coincidência eu sei bem o que é isso e eu gosto de dar o meu piteco. Como diria o meu horóscopo: o relacionamento de gêmeos com áries é um dos mais proveitosos da astrologia. Ultimamente meu horóscopo tem acertado.
Para os canalhas de plantão ele não passa de um charlatão que quer arduamente me comer em todos os cômodos da casa dele. Bom, não é que ele não queira, é que na verdade ele não faz o tipo comedor de todo mundo, apesar de ser pau pra toda obra- if you know what I mean- ele faz mais o tipo que guarda energia pra alguém que valha a pena e, creio eu, quando ele não encontra, ele come o que tem, eu faria a mesma coisa. Essa é a questão, eu entendo o que ele quer dizer, o que ele faz, o que quer, porque eu também digo, faço e quero as mesmas coisas, as únicas diferenças notavéis entre nós no momento, além da boa memória que me falta, é a ambição e a virgindade- que falta nele.
Para as fominhas de contos e despojadas de plantão ele é a inspiração quase perfeita, só falta alguma história inédita que ele tinha que ter me contado pra coisa ficar melhor. Bom, não falta, ele na verdade me contou algo que eu nunca tinha ouvido falar antes. Ele acha que em sua essência ele continua sendo a mesma pessoa de 14 anos atrás e, juro por Deus, ele passou em todos os meus teste psicotécnicos, ele é racional e inteligente, mas ele acha que em suma continua, por dentro, tendo oito anos de idade, com asas aparadas é claro, mas o espírito novo. Se você não percebeu eu tenho um Peter Pan particular. E se você não percebeu, em todos os meus textos, eu sou a Wendy.
Pelo amor de Deus, ele apareceu pra mim depois de um vendaval, como a calmaria, me oferecendo o bom, me dando a mão sendo ele mesmo, apenas isso. Ele é de gêmeos em um ano que áries está passando por mudanças espirituais que fazem com que fique cada vez mais perto do entendimento do mundo, das  pessoas e da calma. Ele fala, enquanto eu me calo por ter perdido a manha da conversa. Ele me acha linda mesmo eu estando com um blusão surrado e uma calcinha que parece uma cueca. Ele me quer bem pra poder ficar bem. Ele sou eu na versão avessa, avulsa e quentinha.
O ano conspira a favor da gente, a astrologia conspira a favor da gente, as topadas que demos conspiraram em nosso favor, os nossos jeitos conspiram a favor da gente, até a Disney nos juntou nessa história toda.
Imagine você, se eu já fiz planos pro menino da esquina, o que farei com ele?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"De alguma forma, Nayla, é como se você já tivesse visto o fim e o começo de tudo. Seu Sol está no primeiro signo (Áries), e o ascendente no último (Peixes). Talvez por isso tudo lhe pareça tão conhecido, e você tenha esta compreensão natural de como funciona a vida, de modo que nada lhe parece muito bizarro ou estranho. A compreensão pisciana se mescla ao estilo "viva e deixe viver" de Áries, e como resultado temos uma pessoa que respeita profundamente as diferenças alheias, mas que corre também o risco de ser muito ingênua! 

Uma contradição, entretanto, é marcante nesta combinação, Nayla: se por um lado Peixes no ascendente lhe confere uma abordagem inicial mais amorosa e gentil, seu Áries solar é mais individualista e agressivo. Ternura e explosões se mesclam neste tipo socialmente contraditório, mas sempre colorido e fascinante. Um interesse natural pelo lado oculto da vida é forte nesta combinação, de modo que pode haver uma atração compulsiva pelas coisas estranhas, bizarras, misteriosas, sobretudo por pessoas que de alguma forma sofrem mais do que outras. 

A mescla de Netuno com Marte pode lhe conduzir a ser uma pessoa que batalha por causas sociais, ou que se arvora no papel de defensor dos fracos e oprimidos. De fato, Nayla, as pessoas que de algum modo portam deficiências lhe atraem naturalmente, porque de algum modo interagem com aquela parte sua que também se sente, de algum modo, deficitária ou carente de algo. Cuidando dos outros, seja como terapeuta, seja como curador, seja como alguém que batalha por causas justas, você cuida de sua própria evolução natural e alcança um intenso estado de felicidade." 






De alguma forma, horóscopo, eu me sinto perfeitamente assim.
Como fazer para aceitar uma situação mandada pelo universo, apoiado por fatos e cheia de provas do certo, se, apesar de toda essa força externa, ainda assim não é o que você quer? Não é bem quem você quer.
Eu sempre esperei por algo assim, sabe? Um alguém que trouxesse uma ratificação do quanto é certo estarmos juntos. Por Deus do céu, o mundo está ao nosso lado, as oportunidades estão a nosso favor e até o horóscopo bate.
Já tirei dois, três dias dessa semana para pensar em algum domingo,daqui a dois anos, em que estaríamos sentados em algum lugar relembrando de nossos problemas e tudo que a gente passou, tirei o dia, ontem, pra pensar no quanto eu estava feliz de ter ele ao meu lado, de ter algo que todo mundo queria. Perdi meus dias. Não deu em nada.
Gostar de alguém é sorte e até agora eu pensei estar no comando de tudo isso.
Eu não sei o que falta, talvez eu esteja faltando, ou ele. Não tenho como saber.
Ele é legal, engraçado e realmente se importa comigo. Bom, qualquer homem que ler isso vai achar de uma vez por todas que mulher gosta de ser tratada no tapa, mas não é bem verdade. Os homens de quem mais gostei foram os que mais me deram carinho, atenção e demonstraram me querer de verdade.
Mas gostar de alguém é sorte, como eu falei, é algo que você sente de uma vez ou o tempo resolve.
Antes de ontem eu cheguei bem perto, mas muito perto mesmo, de gostar demais dele, o suficiente pra empregnar no cérebro e nunca mais por em dúvida, mas ontem o efeito de antes de ontem passou.
Eu pensei poder ser uma vontade louca de sentir alguma coisa que já senti antes, ou uma saudade imperando no meu inconsciente ou até mesmo querer estar só. NÃO, não é nada disso. Não quero voltar pra onde eu estava, senão todo meu esforço de andar pra frente seria em vão. Não tenho saudade de ninguém para querer essa pessoa no meu agora. Não. Eu não quero ficar só.
Talvez, seja só uma questão de adaptação, de convívio e de costume. Confesso também não estar sendo eu mesma em muitos momentos, o que não me deixa nem um pouco a vontade, não sei se é coisa de mulher quando cresce, mas não gosto mais de mentir, apesar de fazer isso muito bem, não gosto.
Não quero me desesperar desde agora, mas não acho apoio nenhum, de ninguém que tenha passado por isso e tenha sobrevivido feliz, com a pessoa legal em questão. O mundo gosta muito de amor expontaneo e os que a gente constrói, que a gente trabalha muito em cima pra poder dar certo- porque a pessoa é legal- só são comentados depois de acabar, porque dói pra burro quando acaba, eu que sei. Um dia já acabou pra mim.
Se tudo der certo, quer dizer, funcionar, eu conto aqui o que aconteceu.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Com calma.

Não é bem um gostar, é na verdade um carinho que sobrou do que eu sentia antes por outra pessoa. Não é bem um carinho que sobrou, é somente o que eu me permito sentir depois de ter gostado de outra pessoa.
Se me perguntarem, saberei dizer de todas as suas peculiaridades físicas, das manias e das coisas ruins. Mentirei uma saudade, para eles entenderem que eu sinto alguma coisa e que o lance é sério- é que as pessoas só acreditam, quando existe saudade no meio- balançarei a cabeça de modo afirmativo depois da famosa pergunta “e você gosta dele?” e vou sorrir de um jeito carinhoso. Parece sínico, maldoso e difícil agir assim, principalmente pra alguém que vive rodeada de mulheres geração-chiquititas. Na verdade é mais fácil do que perder uma tarde tentando explicar a história do carinho que sobrou. Ninguém entende. Soa como bobagem. É bobagem.
Talvez se eu tentasse explicar, duas três fariam a cara de quem entende e diriam que entendiam, mas eu sei que elas não entendem, elas sabem que elas não entendem. Mulher tem dessas coisas, de tentar entender os outros, de sentir a agonia dos outros pra parecer solidária, mais amiga. Eu faço isso.
Não é bem saudade, é uma falta que bate depois das onze, após dois dias sem receber noticias, depois de não ter nada além das mesmas pessoas que nunca sairão de onde estão – do meu lado- é aquela sandália que eu nunca usei que depois de jogar fora fez falta, é do mesmo jeito que me sinto às vezes quanto a ele.
É algo que enquanto eu tenho não me afeta tanto, mas eu sei que quando não tiver vou querer de volta. Por isso não vou embora, por isso não falo a verdade, por isso não volto pra onde eu estava, não volto pra quem eu estava.
O fato é: ele me deixa a vontade. Não sentimentalmente falando, porque me sinto monótona com ele, chata, um purgante, só faço rir e soltar algumas tiradas sarcásticas, coisa do normal. É quando apaga a luz, sabe? Na hora de matar a ansia, é quando ele me liberta de mim, me deixa como eu quero, faz como eu gosto e depois pede mais. Ele quer mais de mim. Mesmo sabendo como eu sou, ele quer mais de mim. Por não saber quem eu sou, talvez, ele queira mais de mim. Eu me sinto a vontade.
Olhando pro que eu tenho atrás de mim e ouvindo o que vinha atrás dele, acaba parecendo que chegou a hora de sossegar, mesmo não soando tão bem. É como se tudo que eu vivi até hoje, principalmente nos ontens recentes, servisse pra, finalmente, eu ter uma boa relação, algo como uma preparação pro que viria acontecer com ele, mesmo não soando tão bem. Eu não iria gostar de quem ele era e ele não me aceitaria como eu era. Entendeu?
Hoje ele se ocupa demais e acaba, pois, respeitando as minhas restrições de liberdade. Ele tem saído de relacionamentos sérios nos últimos, sabe lá quantos, anos e quer ir com calma, portanto me dá espaço pra gostar dele do jeito que posso. Já cobraram dele demais, já tiraram a oportunidade dele ter um relacionamento com a pessoa de quem ele mais gostou e hoje ele pondera limites e aceita opiniões de fora e eu gosto de dar minha opinião, mais ainda de ser ouvida. Ele sai com os amigos, todos comprometidos, pra tomar “duas três” e me liga antes pra saber como estou. A vida dele continua do mesmo jeito, agora com um extra morena-baixinha-de-boa. É disso que eu gosto, ele tem a vida dele, eu tenho a minha e quando é possível, se possível, nos encontramos para contar do quanto andamos em nossos caminhos e personificamos os devaneios que amortecem as chateações, vulgo sacanagens.
Tá bom assim, sem aquela história de “nós” ou o papo de sermos um só, cada um é cada um do jeito que pode e do jeito que dá, talvez seja até por isso que só sinto carinho, temos uma coisa leve então nos sentiremos mais leves.
Não me sinto responsável por ele, apesar de querer que ele fique bem, não me preocupo  tanto se o que eu faço está certo, apesar de querer dar o melhor, não me sinto presa, apesar de ter me comprometido por ter a língua solta. Sem pesos, culpa ou medos.
Leveza e só. Carinho e só. Eu e só.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Bem humana

Não vejo graça nas flores. Nelas vejo todo mundo, mas não me acho.
Também não vejo graça no rio, mas, diferente das flores, de vez em quando me encontro, me vejo.
Não vejo graça nas pessoas, mas, diferente do rio, eu preciso delas, eu vivo com elas.
Mas acho que se eu tivesse um pedido antes de morrer, ia pedir para ver todas as  pessoas que gosto em um jardim cheio de flores na beira de um rio.

sábado, 3 de julho de 2010

Only you (8)

boom, é meio tarde pra falar as coisas que vou falar e por ser tarde se torna desnecessário também e talvez, pra ti, inútil, mas eu preciso sempre falar as coisas que eu ando pensando pras pessoas que fazem parte delas, parece que tiro um peso da minha costa, sabe? Tudo bem, que isso tanto faz pra ti, mas não sei começar a falar sem enrolar antes, acho que nenhuma mulher sabe, ou ninguém sabe, enfim...
Ultimamente tenho pensando muito em ti, não que eu só pense em ti ultimamente é que tem sido frequentemente também, não exatamente em ti, até porque muito tempo passou e acho que deves ter mudado nem que seja um pouco, mas ando pensando nas coisas que a gente teve, nas coisas legais que a gente teve na verdade, das ruins não me lembro muito bem, talvez por isso continue pensando em ti.
Depois de todas as histórias que aconteceram depois de ti, e até mesmo as que aconteceram antes de ti, eu percebi que foste uma das únicas pessoas que me deixou a vontade em uma relacionamento, que me deu espaço pra me deixar fluir, que ao mesmo tempo que foi o amigo de sacanagem, foi a pessoa que me deu carinho e fez com que eu me sentisse amada, sem muitas cobranças e chateações. Eu sei que os últimos dias da gente foram sacais e horríveis, mas acho que os dias antes deles valeram muito mais.
Eras pra mim a pessoa com quem eu queria compartilhar as coisas, com quem eu dividia as coisas e me sentia feliz em saber que te sentias a vontade pra me contar do teu dia, das tuas conversas, dos teus problemas, acho que esse pacote fez da gente um casal de verdade.
O estranho de ter sido um casal de verdade, ao meu ver pelo menos, é que nunca nos vimos pessoalmente, nunca nos tocamos, nos beijamos, nos abraçamos e nunca, realmente, dividimos uma rotina juntos e mesmo assim foste a relação mais real que eu já tive, a que chegou mais perto de um namoro decente.
Foste a pessoa que mais tomou conta da minha cabeça, que mais incitou a minha imaginação, os meus sonhos e que fez com que eu deixasse o sentimento tomar conta de todas as coisas ruins que eu achava em ti.
Por mais que a gente não dê certo, que nunca nos vejamos e que não seja justo eu falar isso, já que eu estou com outra pessoa e tu deves ter mais coisa pra fazer do que ler essa baboseira que eu to escrevendo, eu quero que tu saiba que acima de todos os teus defeitos és uma pessoa maravilhosa, que me deu momentos lindos, que me fez muito bem e de quem eu sinto saudade todos os dias desde então.
Eu preciso que tu saibas que foste, és e talvez continue sendo muito importante pra mim. É muito escroto fazer isso, falar isso pra ti, porque pode ser que eu seja uma piada agora, que eu esteja fazendo papel de besta e que tu concorde com todas essas coisas que eu escrevi depois do "escroto", mas eu faço isso por puro egoísmo. Eu só preciso me livrar dessas coisas por enquanto pra eu poder seguir, sabe? Ultimamente tens sido um peso pra mim, porque eu ando querendo todo aquele carinho de volta, toda aquela atenção de volta, eu sinto falta de me chamares de amor, de não apagares meus depoimentos, de pedires pra eu ficar mais uma hora e quarenta minutos, de chegar na escola com uma puta olheira por ter passado a madrugada toda contigo no telefone. É chato pintar minha unha de cores cheguei e pensar que não gostas e que se tivesse contigo ia fazer isso só pra te perturbar ashuida, é chato vê as nega comentando na tua foto e se ariscando sabendo que agora podes ser de qualquer uma delas, ler os depoimentos que te mandei e ainda achar tudo aquilo verdade, ainda te achar completamente a pessoa errada pra mim e continuar te querendo, é muito chato tudo isso.
É chato saber que é uma possibilidade tu me achares uma idiota e ainda falar "bem feito" pra tudo isso que me importa muito. É muito errado isso, chato, errado, estranho, mas é alguma coisa ainda pra mim e isso é bem ruim. Porque é tipo de coisa que nunca aconteceu, que não acontece e nunca vai acontecer, não acho que eu seja o que tu queres pra tua vida e eu tenho certeza que, se eu pudesse escolher, não serias o que eu queria pra mim.
Pode parecer tudo mentira, porque eu já gostei muito de outra pessoa depois de ti, mas acho que uma coisa é gostar de alguém e outra é a pessoa continuar sendo importante pra ti. Engraçado é que não mudaste a minha vida, não fizeste o auê, nem foste um príncipe encantado, a única coisa que fizeste foi me dar um pouco do carinho que tinhas pra dar pra alguém, acho que tudo que todo mundo precisa é de um pouco de amor e as pessoas insistem em oferecer loucuras e vidas viradas de cabeça pra baixo. A saudade começou a fazer do sentimento que a gente tinha uma agonia muito grande, a insegurança começou a tomar conta e a impaciência imperou em muitos momentos. Uma coisa é você manter um relacionamento a distancia com alguém que você já se envolveu pessoalmente e outra é começar uma relação com alguém que você nunca tocou e muito provavelmente não vai tocar, sabes do que eu to falando? Conheces essa situação.
A minha vontade agora é de apagar tudo que eu escrevi e deixar pra lá, mas eu não consigo, eu quero que leias, mesmo que me aches uma tremenda idiota e sem graça, eu quero que leias e não me importo de parecer ser mais uma fã ou qualquer coisa parecida, já disse, faço isso pra tirar um peso, pra te tirar um pouco de mim, to te externando de mim, é o único jeito que tenho pra fazer isso.
Acho que eu não brinquei, quando disse que te amava, sabe? Porque continuas sendo uma pessoa com quem eu me importo e de quem eu não guardo nenhuma mágoa.
Eu quero muito que sejas feliz e não é aquela coisa clichê que toda ex-alguma-coisa deseja, é que realmente eu quero que fiques bem, que encontre uma pessoa legal pra dar todo esse amor que tens, que outras pessoas conheçam o que eu conheci de ti, já que não pode ser eu, quero muito que alguém tenha o que eu tive.
Obrigada por tudo isso, por todos esses teus "eus" que me apresentaste e por fazer parte da minha história, por ser minha referência.
Acho que é isso.