quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dos problemas, todos nós sabemos. Agora, apresente soluções, por mais que não sejam plausíveis, ponha na mesa o que poderia aliviar o início da agonia, por mais absurdo que seja.
Só assim, repito: só assim, terás, de fato, minha admiração e respeito, quiçá um gostar.
Vou por um ideia em questão: toda sabedoria e prestígio seriam em troca do abandono paulatino da vaidade. Tornar-se humilde leva tempo demais e, nos dias de hoje, tempo é dinheiro.
Não seria preciso abraçar qualquer tipo de loucura, se entendêssemos que o bom senso nunca existiu. Seria uma poupança de tempo.
Queria por em questão a mentira, vindo de ti como um ato egoísta e sutil, não gosto de confusões, não gosto de ter que não confiar em alguém por farejar o falso, não sou de esperar o tempo me dizer o que de fato fica e o que vai embora, até porque o tempo passa e leva tudo. Não minta. Poupe-me o tempo.
Não pedirei verdades, mas, também, não cobrarei respostas, sinta-se a vontade para proferir o que quiser, porém não de qualquer modo, saiba suavizar palavras, o impacto, muitas vezes, não permite a boa desenvoltura da compreensão. Não dificulte as coisas.
O velho clichê “controle seus instintos ou eles o controlarão”, pra mim, ainda é o melhor clichê divulgado, a vida realista/naturalista já está manjada, ela só serve para reforçar a preguiça que as pessoas têm sair do primitivo de quem elas são. Confortar alguém assim é o mesmo que passar a mão na cabeça de uma criança mimada.
Hipocrisia é vício, é fofoca, é ação de gente grande. Não tenha medo de parecer ridículo, tema parecer sábio demais, todos os adultos que conheço medem conhecimento e não ouvi nenhum que soubesse de alguma coisa, além do que está escrito nos livros. Cresça na alma, não na mente. Crescer machuca tanto para, no final das contas, virares criança novamente.
Não vou falar de amor, nem de felicidade. O que é deveras sentido não precisa ser divulgado ou descrito.
Havia escrito amor em cada canto da casa. No porta-retrato em cima da cabeceira, nas canecas de café com nomes gravados, nas fronhas novas, nos dois travesseiros por cima da cama- que não eram meus- nos livros empoeirados na estante, por cima dos planos, por cima dos panos, por cima de mim, no corpo todo.
Quando a porta bateu, senti um jato d’água apagar cada letra de tinta frágil, marcada no porta-retrato, nas canecas, nas  fronhas, no único travesseiro em cima da cama, na estante vazia, nos planos- agora desfeitos- nos panos- agora rasgados- em mim, no meu corpo todo, agora em pedaços.
Tudo acabou assim, com um jato d’água apagando cada vogal e consoante que havia escrito durante todos esses... Esses tempos.
Talvez se tivesse reforçado com caneta permanente, ou ditado e mostrado os locais marcados com amor, talvez se eu tivesse apenas lembrado que aquelas letras, aquela palavra, não eram apenas um detalhe.
Talvez, uma hipótese apenas, se tivesse deixado de pichar toda a casa e usado toda a tinta para escrever, o que tanto eu sentia, dentro do coração dele. Talvez, ele não teria apagado todo o resto.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nunca gostei muito de poesias, nem de mentiras, nem de pessoas pela metade, ou pessoas que pedem cuidados, carinhos, atenção. Nunca gostei de histórias longas, pessoas que não sabem ser engraçadas, pessoas convencidas. Nunca gostei de gente triste, de gente exagerada, deturpada pelo tempo, lamentosa, saudosa, nada disso.
Mas, por íncrível que pareça, eu gostava de pessoas, eu gostava até as reconhecer em mim, então passei a odiar todas e, com isso, necessitar cada vez mais de cada uma.
-Não és bonito, sabias?- ele sabia, mas não precisava ouvir- és alguma coisa melhor que isso, um pedaço gostoso de algo que eu não sei. Não costumo prestar atenção em gostos, mas eu lembro do teu. Só pra constar... Isso foi um elogio. E não vais ouvir esse tipo de coisa com frequência.

domingo, 19 de setembro de 2010

Lavei minhas mãos. Com água, sabão e descanso.  Limpei minha alma com um pouco de "graças a Deus" e acalentei a mente com um sopro de "deixa estar". Conformei a vontade cravando os pés no chão e acordando ciente de que sonho, muitas vezes, não passa disso.

domingo, 5 de setembro de 2010

E eu faço falta? Eu deixo saudades? Pensa em mim?

Depois de tudo.

Vai acabando aos poucos, em ml, todos os dias, durante as palavras que não foram ditas e, principalmente, pelas que foram, se continuar acabando assim, quem sabe não me acostumo?
Eu fico esperando, bem de vez em quando, uma pontinha de saudade em alguma palavra, uma escapulida de tristeza, mas a única tristeza que conheço vinda de lá é a mesma de sempre, então continua acabando.
Mas as manias pesam, os "três-jeitos" que encaixam, os que não encaixam e que dei meu jeito pra encaixar, o costume, ah, o costume é a pior parte e ainda não sei desacostumar com facilidade, é um processo bem lento, por isso que todo dia acaba 1 ml.
São tantas pessoas e são tantos jeitos, manias, cheiros, tantos e eu até me sinto bem muitas vezes, com muitas pessoas, mas quem a gente escolhe sempre faz falta, principalmente quando essa pessoa "desescolhe" a gente assim: bem de repente, depois de tudo ter dado quase certo. Depois de tudo ter sido quase bonito e depois de eu voltar a ser quase romântica.
"Depois de tudo" é uma expressão que nela estão contidas doação, tristeza e fim, acho que não preciso escrever mais nada.
Depois de tudo.

sábado, 4 de setembro de 2010

Foi assim...

Cheguei em casa- um apartamento com sala e cozinha dividindo o mesmo retângulo- as luzes estavam apagadas e o lugar um forno, abri a porta da sacada, joguei a bolsa e os livros em cima do sofá, lembrando que se estivesse na casa dos meus avós seria motivo de briga. Bati na porta do primeiro quarto do corredor, ninguém abriu, pensei que ele deveria ter saído pra algum bacanal com os amigos e fiquei triste, porque era um daqueles dias que eu precisava de um abraço ou de alguma coisa irritante que ele fizesse, como fazer cocegas.
Me arrastei até a última porta do corredor no lado esquerdo e quando abri vi um pé branco com alguns fios amarrados, na ponta direita da cama. Ele dormia de lado por cima do edredom e do lado que eu não durmo, talvez tivesse caído no sono alí de propósito, mas me remeteu uma criança dormindo na cama dos pais, porque a cama deles é sempre mais gostosa que a nossa.
Ele, aquela mentira que depois de alguns anos algumas vezes me doía, deitado com uma mão no meu travesseiro  e com a outra segurava o meu blusão de dormir, não sabia se era saudade ou se ele, sabendo que eu não abriria mão de dormir com o blusão, queria ser acordado quando eu chegasse, mas antes mesmo que eu pudesse tentar tira-lo sorrateiramente dele, ele abriu os olhos e deu um sorriso leve, largando o blusão e estendendo a outra mão pra mim.
Deitei ao seu lado e ele me abraçou, como eu precisava, dormimos até o outro dia.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Para mim as coisas terminam duas vezes. Uma, quando o fim é comunicado e outra, quando percebo que não tenho mais porque ter esperança de que o comunicado fosse desnecessário. Então eu choro duas vezes.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Não tenho grandes planos, pra falar a verdade nem sei se ainda tenho planos, daqueles que são reconhecidos, sabe? Que acaba sendo um bem comum entre as pessoas. Eu nem tenho mais nada disso. Eu fui largando todos eles pelo caminho, quando percebi que antes de ter planos a gente deve caber dentro deles, sabe como é? Tem que ser alguma coisa que encaixe contigo, que faça sentindo, caso contrário não serão planos e sim sonhos.
Eu só não posso dizer que não tenho sonhos, porque eu vivo disso, afinal perdi os planos.
Antes eu tinha medo de morrer, porque tinha um monte de coisas para fazer em mente. Hoje, eu ainda tenho medo de morrer, mas não tenho coisas em mente, então eu só tenho medo de morrer mesmo, de não existir mais e não poder pensar, eu não sei o que é não poder pensar, então não posso imaginar o que acontece comigo depois que eu morro. Estranho, né? É.
Eu tô entediada, muito entediada, mas não quero fazer nada, não tenho com quem fazer e isso já me desmotiva muito, porque eu ando vendo os meus planos passados presentes na vida de outras pessoas, não que elas não mereçam, o caso é: eu não mereço ou eu não faço por merecer? É, eu sei que parece dar uma de coitadinha e tudo mais, eu também acho isso chato, nunca fiz muito bem o papel de vítima, sempre gostei de atacar e ser a megera mesmo. Mas tudo isso me prende mais ainda, eu me prendo mais ainda e acredito cada vez menos, sem crença a gente chega aonde?
O que antes me destacava das outras, hoje, tanto faz. Tá todo mundo no mesmo barco. E eu passei a ser só mais uma na vida de muita gente que me importava e isso chateia, sabe? Não tô acostumada com isso.
As qualidades que eu demorei tanto pra ter me atrapalham muito hoje, porque eu não sei medir o uso delas, eu só uso com toda força que eu posso pra não correr o risco de voltar atrás e fazer alguma bobagem por impulso. Passei a tentar me colocar no lugar das pessoas e a fazer- sempre que eu posso- o que gostaria que elas fizessem comigo, tentei ser o que nunca foram comigo e no começo deu certo, foi novidade, ganhei bônus com muita gente... Mas hoje as pessoas, sabendo disso, agradecem e vão embora, porque eu ser compreensiva demais abre portas pros outros fazerem o que bem entendem e me colocarem como segunda opção e eu não consigo parar, porque eu entendo, porque eu precisei de uma fuga de muita gente e ninguém deu o "passe fácil" pra mim, sabe? Eu deixo. Ser legal demais e não se importar com algumas coisas fizeram com que eu virasse uma amiga muito legal, apenas isso, uma amiga muito legal que beija, é isso, exatamente isso, criam uma intimidade grande comigo e depois me descartam, porque eu sou amiga mesmo, amigos sempre estão lá por nós e eu sempre estou.
Eu não me acho, sério mesmo, são coisas que eu demorei muito pra ter, que eu ralei muito pra construir, porque é interessante pra mim agradar quem eu gosto, facilitar as coisas pra quem eu gosto, porque já tem muita gente dificultando. Eu pensei que se eu facilitasse pras pessoas elas criariam uma sementinha de bondade, ficariam menos amargas por terem sido ajudadas e facilitariam pra outras pessoas também. Desse jeito a gente diminuiria as insatisfações nos relacionamentos, o mau humor, as reclamações e os chororos.
Não adianta, as pessoas querem mesmo a infelicidade, elas gostam disso, elas precisam reclamar, elas precisam da insatisfação, da injustiça para se sentirem mais humanas, porque criaram uma imagem de que a felicidade é impossível e que todo mundo vai pisar em ti. LÓGICO QUE VAI, a gente pisa em cima de todo mundo também, tudo que vai volta e volta 3 vezes pior.
Eu continuo fazendo isso, porque eu encontrei alguém que facilita as coisas pra muita gente também e por ele ter facilitado pros outros eu facilitei pra ele, é nessa esperança que eu vivo: de encontrar alguém que tenha consciência e um dia facilite pra mim.
Eu não vou dizer que estou cansada, caso tivesse teria parado há muito tempo. O que acontece, na verdade, é que eu me sinto vazia não fazendo todo esse esforço que eu faço pra ser o melhor que eu posso ser como pessoa, porque caso eu volte a viver de instinto eu vou ser só mais uma ariana mandona, possessiva e mal humorada.