quinta-feira, 22 de abril de 2010

Por mim...

Nunca vi laranja mecânica, li qualquer texto do Ferreira Gullar, nunca aprendi a usar direito a crase e nem sei muito bem para o que ela serve. Chico Buarque escreve muito bem, mas tem uma voz horrível. De história antiga me interessa somente Esparta, o resto me cansa, contas nunca foram comigo e eu não sei tocar violão como qualquer amigo meu fiel e amante de música. Los Hermanos é legal, mas as vezes as músicas parecem uma mistura de instrumentos desafinados com uma letra bonita que quase ninguém entende. Eu tento gostar, fingir que gosto e até lembrar de alguns nomes estranhos somente para poder conversar com alguém intelectual, mas eu não gosto, fingir me incomoda e eu tenho uma péssima memória para nomes alemães e sobrenomes importantes, porém se você me perguntar como é o nome do porteiro que abre o Ideal de manhã, eu sei dizer.
Por incrível que pareça, desde pequena minha mãe me dava livros difíceis para ler, me colocava para escutar música clássica, me contava sobre as coisas boas que eu teria se estudasse, me mostrou o errado desde sempre e algumas falhas que ela deixou foram as que me marcaram.
Eu gostava de ler os livros de auto-ajuda, escutar 'é o tchan', 'Xuxa', bossa nova e Blues, sempre tive preguiça de estudar e nunca me importei nem um pouco com a marca do carro que teria quando crescesse, eu só queria que minha casa fosse rosa e tivesse um puff onde desse para escrever qualquer coisa, o errado me interessou muito mais do que minha mãe havia falado. Hoje, sou aqui o que resta de tudo que aprendi errando e fazendo o contrário.
Gosto de Caetano, algumas baladinhas românticas, bossa nova ainda, black music e algumas besteiras que eu quase sempre esqueço de mencionar. Salvei o endereço do blog da Tati Bernadi, leio Martha Medeiros, letras perdidas de músicas bonitas somente no papel e leio também blog de um monte de gente que eu não conheço. Sou mimada e sei disso, me atrapalho explicando alguma coisa para alguém, mas ainda sim quero fazer direito para tentar salvar qualquer coisa boa que tenha esquecido de viver. Tive uma educação voltada para a independência, responsabilidade e profissionalismo, porém vivo de amor, sou a pessoa mais irresponsável que conheço, queria ter tempo de cuidar do meus filhos e dar atenção para o meu marido.
Que seja, não sou tão inteligente quanto fui preparada para ser, não lembro de cabeça nenhum poema além do final daquele soneto da fidelidade- que todo mundo sabe também- não impressiono com meu intelecto, nem com minha beleza, na verdade nem sei como impressiono certas pessoas. É quase sempre o contrário, quanto mais sou eu, mais as pessoas gostam de mim e quanto mais eu tento agradar, mais desagradável eu sou.
Estava tentando,até então, ser alguma coisa para alguém que nem sabe ao certo do que gosta em mim, mas tem convicção do que não gosta. Pareço me importar com meu orgulho,quando na verdade luto para tentar me importar com ele, porque existem pessoas que não saberão cuidar de mim. Melhor tentar parar de fazer esforço para ser quem eu queria ser para impressionar alguém que não é, muito ao certo, o que eu gosto, melhor eu largar mão dos dias pensantes, das idéias loucas, da agonia que tenho daquele silêncio. Melhor largar mão de tentar ser especial, inesquecivel, para alguém que não quer que eu o seja. Melhor ser eu, alguém deve estar sentindo falta de mim por ai.
Beijos, vou procurar a Nayla.

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