quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mas não tem revolta, não.

Eu sempre achei uma bobagem a idéia de tentar  voltar para um sonho. Quando via pessoas em comunidades do gênero pensava "que coisa boba, da onde que esse povo tira essas coisas?", até que hoje dormindo, tive um sonho tão real, parecia que eu havia afundando em mim.
Quando sonho, existe uma cidade que fica intragada dentro da minha cabeça, qualquer sonho estranho que parece ser um pouco real, acontece lá.
Nesse lugar as coisas lembram coisas que já vi, mas que não são iguais, visualmente são completamente diferentes, mas a essência é a mesma. Tem uma pizzaria, com uma placa grande e colorida, que sempre aparece da mesma forma, só que dessa vez ela apareceu mais velha, como se estivesse quase falindo, como se os anos tivessem passado... Aconteceram muitas coisas até chegar a parte que eu lembro, mas foi exatamente a parte que eu lembro que foi real.
Era ele. Tinha o corpo dele, o cheiro dele, algumas vezes parecia com ele, mas a essência era diferente, era um outro ele, alguém mais doce, mais calculista e eu sentia um carinho vindo dele tãão grande, que eu nunca mais queria acordar. Ele estava sentado em uma batente da calçada, na frente do lugar- hoje, velho e triste- cheguei perto dele, ele me puxou para o colo, me aninhou nos braços e eu coube perfeitamente nele, me abraçava, beijava meu rosto e minha cabeça, levantei, pedi minha pizza e voltei para lá.
Depois, eu quem estava sentada na batente, ele chegou em pé e se abaixou para poder ficar à altura dos meus olhos, apesar de respirar do mesmo jeito, perto de mim, de se aproximar da mesma maneira, alguma coisa não era dele ali, eu não sei explicar muito bem, mas nessa hora eu queria abrir os olhos e não conseguia (no sonho mesmo), eu não conseguia ver nada além do pescoço para baixo. Minto. Nem o pescoço eu conseguia ver, porque esse eu reconheceria de longe. Mas era ele de outra forma
Acordei sabendo que eram seis horas da tarde. Choros, gritos, correrias, passos pequenos e arrastões de mochilas com rodinhas, é o horário que as crianças saem das creches e passam por aqui. Pensei nas inúmeras mitoses que sofri (ou não) até ser quem eu sou hoje- uma mistura de intensidade, música e amor- e não sinto falta nenhuma do que passou, só sinto vontade de voltar para aquele sonho!
Como, de vez em quando, pode ser chato gostar de alguém desse jeito, todo trabalho diário para esquecer, em um sonho apenas seu inconsciente traz à tona. Acordo as vezes pensando "tá vendo, eu já esqueci, tá até durando" o que na verdade passa são as horas, o dia ainda nem começou e a última vez que tinha pensado foi na noite anterior.
O tempo é relativo para quem ama e para quem não ama também. Meus dias alongaram, a melancolia das seis da manhã voltou, o sono, a preguiça, a chatisse... Pertences de quem não pode gostar de alguém.
Já cantava a música.
"Quando o meu mundo era mais mundo e todo mundo admitia
  Uma mudança muito estranha, mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria
  No meu jeito de me dar
  Quando a canção se fez mais forte, mais sentida
  Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
  Você veio me contar dessa paixão inesperada por outra pessoa"




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