sexta-feira, 2 de abril de 2010

Não pensei que voltaria aos tão conhecidos textos do Caio de Abreu, acreditei que não passaria mais por isso, até porque as coisas giram de outro jeito, com uma nova cara, menos eu.
Não pensei também que sabia mentir tão bem, ou melhor, omitir tão bem, agora é quase como se não fosse nada.
Não sabia que atendiam meus pedidos e não sabia que eu sempre pedia de um jeito errado.
Por não pensar e não saber muita coisa ainda estou, ao que parece, perdida. Nenhum jeito parece o certo e eu já tive que escrever a palavra jeito umas sete vezes, porque eu sempre erro.
Ando esperando a um bom tempo que tudo seja meio mentira, meio caminho andado para uma coisa melhor, mas acho que é apenas mais um caminho errado que acabei tomando, mais uma vez.
Faz sentido, já que toda vez que alguma coisa não dá certo, ou não é como queriamos a gente sempre espera que o destino pregue uma peça e resolva tudo, dessa vez ele não pregou peça nenhuma, não me contou nada do que eu não esperava e nem deu sinal de um bom final.
Também penso que pode ser alguma reação de várias ações que eu já fiz, talvez esteja passando por algo que alguém já passou por mim, ou que eu provoquei, falaremos a verdade, não sou santa e nunca fui boa moça.
O Caio disse que a dor seria uma prova de estar viva, mas eu nunca me senti tão vazia.
Pra falar a verdade queria chorar aqui tudo que chorei fora daqui, mas meu choro não tem palavras, são só acumulos de sentimentos, sem palavras, de repente durante esses 16 anos, quase 17, eu já falei tudo que tinha pra falar quanto a coisas assim.
Mas depois de tudo descobri de novo minha sensibilidade pela dor alheia, soube hoje que um menino de 18 anos morreu em um acidente de carro, deixou um curso de medicina, uma família e uma namorada para trás, ultimamente mortes assim têm sido tão normais, mas hoje senti uma tristeza imensa por todos que perderam ele, nem conhecia, mas sinto. Pensei também em uma menina que conheço, que namorava com um menino que só vem voltando com ela por medo de ficar só, e ela só vem voltando com ele por gostar muito dele e porque prefere ver ele infeliz ao lado dela do que feliz ao lado de outra, sinto o medo dela também, todos os dias de manhã tenho vontade de abraçá-la e tentar fazer com que ela se sinta melhor. Pensei em uma das minhas púpilas que ainda sofre em silêncio por uma mentira, que ela pensou ser verdade e sinto toda a raiva e a saudade dela também. Imagino o quanto foi difícil para outra amiga ficar calada, enquanto quem ela amava se divertia com outras, porque a distância fazia a cobrança ser impossível. Ando sentindo a dor até de quem nem conheço, só de olhar, eu sinto. Prefiro prestar atenção no que eles sentem do que parar pra pensar no que eu ando sentindo.
Recebi um ótimo conselho de uma pessoa que eu nem esperava que fosse me amparar, que tinha quase todos os motivos para apontar para mim e dizer "bem feito", mas não, muito nobre da sua parte "não pensa, não vai te fazer bem, já pensaste em muita coisa hoje, tu vai ficar meio lesa de tanto pensar" foi bem o que ele disse, talvez em uma ordem diferente, mas desse jeito.
Eu sei que vai incomodar por muito tempo ainda e sei também que eu não posso fugir toda vez, não tenho tanta coisa para fazer assim, infelizmente.
Queria ser um pouco mais infantil para falar tudo que eu tenho vontade, para fazer tudo que eu bem entendo, só para não carregar sozinha tudo isso, mas não sou, já ultrapassei essa linha e acho que nem consigo voltar mais, regredir (ou não).
Seja o que há de ser, ainda sou como a primavera, vou crescer novamente, essa é a graça.

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