domingo, 2 de maio de 2010

Sim, a culpa foi minha!

Pensei em poder salvar alguns meses que deixei de mostrar que o queria do lado, fiz o convite achando que desse jeito mostraria que um toco do medo se perdeu, esperei pela resposta imediata e pelo não, esperei também- confesso- pelo sim escondido por trás de uma manha, pedido de bajulação.
Mal entendidos aconteceram... Alguém de fora invadiu o meu particular, foi o primeiro mal entendido, e depois sucederam séries de mal entendidos- que quem me dera ter entendido bem- mensagens ambíguas, sentimentos misturados e uma cabeça súbita, que até eu desconheço.
Escutei, pela primeira vez, uma opinião de fora que nunca soube muito bem o que se passava nesse nosso particular, escutei sem bem porquê.
Eu sabia para onde estávamos indo, eu conhecia aquela rua, eu conhecia aquele asfalto- eu conhecia- mas mesmo assim só conseguia não pensar em nada, deixei o sentimento das vezes que ele não respondeu outras mensagens, das obrigações implícitas, que agora eu sei: ele não entendia. Deixei a raiva de outras pessoas, que nunca entenderam, tomar conta de mim "por que ele não foi? O que aconteceu? Será que ela tem razão?"...
O carro parou e ela disse "vai lá e resolve isso", eu fui lá resolver isso - isso o que mesmo?- interfonei. O porteiro, coitado, fez sorriso de quem pensou ser uma surpresa -uma surpresa agradável, claro- e quando percebeu que tratava-se de uma cobrança, de uma decepção, fechou o sorriso e ficou sem graça, junto com a sem gracisse dele veio a minha:
-Muito obrigada por não ter ido!- que frase mesquinha, estúpida e tão não-Nayla.
-Vou descer, mas eu não gostei disso. - eu deveria ter ido embora ali, nesse momento, me livrado do resto. Eu fiquei.
Percebi que cheguei ao ridículo e eu sabia que depois daquilo eu não tinha razão, eu perdi minha razão.
Enquanto ele explicava a falta do carro, a casa limpa e a doença -que não impedia muita coisa, era mais para fazer número- eu engolia a consequência de um ato que ia me custar o contrário da intenção que esperava com o convite.
Enquanto ele tinha razão, enquanto eu dava motivo para ele achar, de uma vez por todas, que eu era louca e o quanto foi inteligente nós não continuarmos nossa história, tudo em que eu podia pensar era na saudade que eu sentia daquele homem, de que até nessa situação eu estava feliz em ter visto ele- recebi até um beijo na testa quando fui embora- acho, agora, que deveria ter falado da felicidade de ver ele, já que estava fazendo papel de ridícula mesmo, por que não fechar com chave de ouro? Qualquer pessoa teria vontade de sair correndo, eu bem quis fazer isso no início, mas aquela voz calma, os olhos, os olhos me olhando, só faziam com que eu quisesse ficar mais e mais e mais e nunca mais sair dali, era a última vez que teria como cobrar alguma coisa, discutir desse jeito, era a única vez, foi a primeira e última vez que discutimos pessoalmente, foi tão especial- acredite se quiser- como não posso me arrepender do episódio todo (vai contra meus princípios, que já estavam abalados demais) me arrependo de não ter pedido um abraço, um bem gostoso, apertado... Já dizia André Gonçalves "Abraço, 1. habitat natural do carinho; 2. base alimentar de animal popularmente chamado de amor;(...)4. porto seguro; 5. prozac natural;(...)8. ato de envelopar quem se ama;(...)13. plano B de quem dá adeus;".
Então minha agonia de estar errada, a calma dele, a saudade que eu ia sentir e a consequência dessa merda toda fizeram com que eu fosse embora. Eu fui embora, eu e a minha culpa, que para começo de conversa nem deveria estar ali, entrei no carro sabendo do depois, sabendo que eu não tinha razão desde o começo, que aquela história toda era realmente ridícula como ele havia dito. Nunca fiz algo assim. Nunca.
Entrei no carro sabendo também que, como havia dado tudo errado, ela se sentiria culpada e triste, mais do que ela já estava com a própria história... Ouvi o que esperava ouvir "desculpa Nayla, eu estrago a minha vida e a tua também" e eu chorei...
Chorei tanto, solucei. De medo. De raiva de mim. De tristeza. De saudade. De arrependimento, não sabia nem o que era isso até então.
Sabia também que ele ia pensar que eu estava com raiva, decepcionada... Eu estava, muito, mas não com ele e sim comigo, não tem desculpa nenhuma que amenize isso.
Pra falar a verdade eu fui até lá com a esperança de qualquer coisa, com a esperança de passar lá pelo menos, uma vez ao menos, qualquer coisa que fizesse essa porra desse frio na barriga ir embora, qualquer coisa. Nada.
Chegando em casa, pedi desculpas -famosas desculpas de bêbados, meninas rebeldes, vergonha- as mais sinceras desculpas, mas ele não sabia, a tecnologia ainda não sabe repassar desculpas e nem amor, e nem saudade. Fui embora, depois das desculpas aceitas. Sentei. Deitei. Chorei.
Poderia ter sido tão diferente se eu tivesse pensado uns três minutos antes de pegar o interfone, poderia ter ficado feliz com a cara de felicidade do porteiro, poderia ter dito tantas coisas e feito diferente, ter limpado a noite e esses 5 meses em que não fiz nada por medo e eu estava ali... Poderia ter dito:
-Não menti quando escrevi que queria te ver e estava com saudade.- ou:
-Estás ocupado demais ou podes descer para me dar um abraço?- ou:
-Se Maomé não vai até à montanha, a montanha vai até Maomé!
Tantas coisas bobas, meigas, sinceras... Caminhei para o lado que eu não sabia explicar, o que já estava gravado, caminhei para o lado errado mais uma vez.

Agora ia ser bobagem, joguei fora minha oportunidade de fazer diferente, não posso pedir uma segunda chance, é o tipo de coisa que não se tem chances reservas, ou você faz certo ou você não faz.
E acho que acabou assim, confusion, tá na hora do "second part", do lado B para quem queria ter feito o plano B, e acho que acabou assim, meninas, sem um final feliz de verdade. Acho que acabou assim, Nayla, do jeito torto, errado e confuso que sabes fazer direitinho...
Porém... Depois de tudo, de todos, dele, meu lado B anda prometendo. Acredito nisso.

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