domingo, 2 de maio de 2010

Andressa R. | Cartas & Cafés

"(...) eu tenho que comprar meias novas. preciso voltar a ler mais(...)aliás, eu bem que precisava parar de ter preguiça. eu já perdi boas estradas por causa dela. e olha, eu aprendi que atalhos costumam ser mais solitários. e eu tenho que parar de gritar. de pensar no futuro. de amar tanto assistir friends com ele. porque não é que eu ache que uma hora a gente acabe, mas uma hora as temporadas acabam, entende? e o que é que acontece com essa coisa que eu amo? a gente substitui pra não doer.
eu preciso parar de substituir. não tem porque eu querer que vc seja o melhor pai do mundo só porque o meu não foi.
eu precisava tanto de uns abraços no meio da noite. quero parar de me preocupar com o que vão entender do que eu falo ou escrevo – porque às vezes pode ser que eu nem queira que seja algo entendível. ou pode ser que eu só queira pirar a cabeça das outras pessoas, pra ver se eu fico um pouco mais parecida com elas. eu queria parar meus pensamentos por alguns segundos. porque eles borbulham a mil graus celsius que chega a dar pontadas e no fim dói. eu preciso relaxar mais. um spa era uma boa. mas spa? e eu só tenho quase-19-anos.(...) não era pra ele saber. desconfiar, tudo bem. mas saber do que eu falava, não, não era pra ele saber. mas ele sabia e fingiu que não sabia. viu que aquilo me machucava e nem sequer insistiu pra que eu contasse o tal segredo. sabe por quê? é que ele sabia. e sabia quão secreto deveria ser aquele assunto e não era. ah tá, podia ter agido como um profissional? whatever, eu não me importo, porque talvez eu não quisesse um profissional, talvez eu quisesse um amigo. você sabe, segredos precisam ser contados ou então a gente explode e os restos grudam na parede. (...)
abe você não entende, eu tinha que escolher. era um futuro versus um passado. situações completamente diferentes, mas era um futuro que eu realmente acreditava. não sei quão chateado você ficou, mas saiba que você era o melhor amigo que uma adolescente poderia ter tido dos 14 aos 18 anos de idade. porque dizer “eu vou sair de casa” é a loucura mais gostosa. mas sabe, outro whatever pra tudo isso. porque eu preciso relaxar. e parar de pensar um pouco. preciso parar de ter nós na garganta quando escrevo. preciso aceitar que nem tudo é como eu quero que seja. e eu sei disso desde o quê, uns 14 anos de idade. mas não adianta saber se eu não faço o negócio funcionar.
 Alguma coisa precisa ser feita. porque eu não consigo dormir essa noite. e na anterior. e na outra e na outra. sabe, eu gosto mesmo de dormir. gosto, sim. daí vem toda essa cachoeira berrante de idéias idiotas e lembranças e planos e futuro e passado e presente e. será que ele já dormiu?
eu tenho que ser mais tolerante. a questão agora é que letras e moda são coisas bem diferentes. com que cabeça eu vou entrar lá? que tipo de gente vou encontrar? vou sair de um lugar onde há intelectuais e livros e teorias complexas, vou pegar o ônibus e vou ter minhas horas de futilidade e arte e roupas e meninas histéricas. e talvez eu ame muito isso. talvez eu odeie. talvez eu seja uma negação para desenhar – na verdade eu já tenho quase certeza disso. talvez finalmente descubra que não sei mesmo o que quero da vida. eu já tenho quase-19-anos, meu deus do céu. o que diabos eu quero da vida?
agora eu quero dormir. nossa, eu queria muito muito muito conseguir dormir agora. porque daí a gente dorme e a cabeça aquieta…"

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