sábado, 21 de agosto de 2010

Eu não quero responder perguntas sobre mim, nem consertar afirmações, dar minha opinião, nada. Eu não quero nem falar, nem pensar em responder. Eu enjoei de mim, se alguém quiser me levar eu deixo, eu deixo porque eu não aguento mais ter que lidar comigo e com todas as coisas que passam na minha cabeça.
Eu cansei de manipular, de maquinar as coisas, de tomar conta das pessoas, de ter o controle, eu não quero mais. Mas eu não sei fazer outra coisa, eu não sei ser outra coisa além do que eu me fiz ser durante todos esses anos- acho que 9 anos.
Eu não aguento mais minha casa, meus amigos, minhas coisas, eu não quero mais. Por maior que seja o enjôo e a vontade de ir embora eu não tenho pra onde ir e mesmo se tivesse eu não iria, é a minha casa afinal de contas e meus amigos, eu os amo tanto, eu quero tanto o bem e levaria todos comigo se eu fosse. As minhas coisas são uma parte de mim e eu levaria caso eu sentisse saudade.
É uma sensação de tédio e impotência, algumas vontades encabuladas pela realidade, não vão acontecer, metade das coisas que eu penso não vão acontecer, porque nos meus sonhos eu faço as coisas por mim, mas na minha vida eu faço as coisas pelos outros na esperança de ser um pouquinho deles, é a única maneira que eu encontrei de não ter que me encarar todo os dias.
Eu não suporto não estar gostando de ninguém, de ficar sozinha e poder pensar no que faz mal em mim, eu odeio ter que me enfrentar, porque quanto mais eu lido comigo mais eu me enojo, mais ojeriza eu tenho e eu vou ter que estar comigo durante uns bons anos, eu não posso não me querer tão cedo, ainda tenho tanto tempo.
Eu quero quebrar as barreiras, os cercadinhos que todo mundo impõe em uma relação, queimar os ciúmes, as saudades, a carência e pisar em cima do tabuleiro de joguinhos do amor. Eu queria sacudir as pessoas e perguntar se ela sentem realmente o que elas pensam sentir, se elas querem as coisas por querer ou por falta de coisa melhor. Se elas não se cansam de serem felizes sofrendo o tempo todo. Eu queria saber da onde que começou essa besteira de rotular as coisas, as pessoas, os sentimentos, as relações, os quereres, do que adianta se tudo é uma coisa só, do que adianta se cada um sente de um jeito? Parem com isso e me deixem fluir sem medo de ser machucada, sem medo de que pisem em cima de mim por eu ser sincera quanto a tudo que me doí e me alegra nas pessoas, parem com isso, pelo amor de Deus, parem com isso.
Essa vontade de ser um melhor que o outro só nos cega e me confunde, eu já não sei com quem eu posso ser sincera e dizer que eu senti saudade, não sei pra quem eu posso dizer que lembro do rosto dessa pessoa, mas não lembro de onde, eu lembro de rostos, de um jeito descompromissado. As pessoas acham que dizer que lembram de rostos as tornam bobas, afinal quem lembraria de rostos? Eu lembro, eu lembro de todos os rostos e eu queria poder dar "oi" para todos eles na rua, no shooping, no cinema e perguntar como eles vão e de onde eles vem, porque eu lembro, eu tenho o direito de saber quem são os donos dos rostos que moram na minha memória.
Eu cansei de dar conselhos e parecer ser mais esperta e experiente que muita gente, cansei de parecer grandes coisas. Eu deixei de apenas sentir, para saber o que eu estava sentido só para poder ajudar quem não sabe o que fazer com a vida, eu fiz isso por vocês. Eu me controlo por vocês. Isso não é um favor. Eu não sou grandes coisas, eu só quero que vocês sorriam, que vocês me provem que depois da tristeza tem uma alegria, que é possível gostar de alguém, que é possível e é justo sentir uma fraqueza quando o outro vai embora e quando ele volta, digam pra mim apenas isso, é possível?
Essas coisas não são mais para mim. Eu já me dividi tanto durante anos, me impus tantas limitações, me controlei tanto, que não posso mais fazer isso com quem eu gosto, eu não posso querer alguém desse jeito, dividindo as coisas, limitando os laços, controlando os instintos. Eu não posso mais. Então me deixem ser o que eu sou, segurem a minha mão e me deixem ser.
Eu não me importo que a fulana não seja bonita e não faça a raiz do cabelo dela, a fulana é feliz? Eu não me importo que o ciclano não queira nada com a vida e tenha preguiça, mas ele é feliz? Eu não quero saber se ela vai para as festas, se ela ficou com os meninos mais bonitos, se ela é linda e pode ter quem quiser, ela é feliz? Eu não me importo com as pessoas me olhando enquanto eu sento de frente pro João e deixo ele me fazer carinho, eu não me importo com o que elas acham que a gente é, o que a gente faz, o que a gente quer, porque isso é coisa minha e o que elas acham é coisa delas, cada um com a suas coisas.
Ele é meu pedaço de mentira de verdade, ele existe mesmo e me deixa ser. É tudo mentira, tudo, e por isso é mais sincero, por isso eu quero tanto, eu tenho tanto e mesmo que ele vá embora eu não me importo muito, sinceramente, porque eu não sinto que o tenha, eu não sinto que ele é meu e que deva ser, eu sou feliz só de poder ter um pouco do que eu quero sem esforço. Só isso. Ele é um carinho personificado, só isso. Ele é a minha folga de todo mundo, só isso. E quem não entende acha que isso é amor, que é gostar, mas não é. Eu gosto de outra pessoa, desse jeito de vocês eu gosto de outra pessoa, mas do meu jeito eu gosto do João. Se ele for embora eu não vou me machucar, ele não pode me machucar, porque a única pessoa que me machuca de verdade sou eu mesma tentando ser um pouco parecida com vocês, eu não sei ser assim.
Cansei de desabafar e não conseguir contar tudo, cansei.

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