quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Aqui dentro é branco

Não é frio, nem quente, nem nada. É vazio, um vazio branco e quieto, como uma sala fechada, mas não muito arejada. Não me sufoca, eu respiro bem, ando bem, vejo bem, penso bem, mas não sinto nada. Não estou sedada. Nem em transe. É um vazio quieto e branco.
Eu vejo aqui de dentro todas as coisas que um dia achei bonitas se fragmentando em pedaços de cores, uma refração de sensações. Aqui dentro é branco. Essas cores colorem o mundo, as pessoas, as coisas de maneiras diferentes, cada um combina a cor como quer, como acha que deve e quem sou eu para dizer que é certo ou errado? Aqui dentro é branco. Cada um escolhe a mistura de cores e atribui um nome especifico, alguns acham que vermelho e rosa é amor, vermelho e preto é ódio, preto e cinza é tristeza, e assim as pessoas pintam as coisas e as coisas ganham nome e essas coisas pintam as pessoas. Aqui dentro é branco.
Eu me lavei, me livrei, me suicidei das cores, das coisas e das pinturas todas. Aqui dentro é branco.
Pode ser paz, recomeço, vazio e até mesmo tristeza. Aqui dentro é branco.
Pessoas de fora, aqui dentro é branco, eu aviso todos vocês, todos os dias, que aqui dentro é branco, mas ninguém vê isso, as cores tomam conta dos olhos, as cores tapam a vista. Aqui dentro é branco.
Nada me cega, nada me engrandece, nada me diminui, nada me atiça, nada me entristece, nada. Absolutamente nada me doí.
Sabe Deus, se vou colorir esse branco. Sabe Deus, se vou sentir todo mundo de novo. Sabe Deus, se aqui é certo, errado, ou nada disso. Sabe Deus.

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