sexta-feira, 12 de março de 2010

O casual

A campainha tocava sem parar.
Não dava pra ouvir nem os passos rápidos no chão branco da casa, agora todo molhado.
Enquanto ainda estava decidindo se abriria a porta daquele jeito ou vestiria uma roupa, caminhou involuntáriamente e a abriu sem mais demora.
Ela também estava toda ensopada. A chuva era torrencial e mesmo assim ela estava ali, parada, imersa num silêncio inquietante. Ela queria alguma coisa, ela sempre queria alguma coisa.
Antes de perguntar algo ou dar chance de alguma resposta, ela o empurrou para dentro e o beijou... Com a vontade de muitos meses, sem vergonha e fogosa vontade de muitos meses, entre mãos, beijos, carícias espontaneas, alguém assumiu a responsabilidade de parar aquilo tudo e saber o que estava acontecendo... Ela levantou como se perguntasse para si mesma o que estava acontecendo. Ele percebeu, era mais um momento dela com ela mesma, ficaria calado até, quem sabe então, ela terminar o que começou, apesar de saber que o próximo passo seria alguma pergunta relacionada a sentimento ou até mesmo ela iria embora sem dar explicações.
-Você não se importa em ficar comigo essa noite?
Era uma pergunta perigosa, o que ela queria ouvir?
-Pode ficar.
Se ela fosse embora já era de se esperar, ela estava falando de chatear ele ou de ele não se importar se ela ficasse ou não?
-Obrigada! Preciso resolver algumas coisas essa noite.
E a cena de antes recomeçou, mãos, beijos, carícias espontaneas e enfim o quarto.
No final de tudo, ela só queria prestar contas com ela mesma, realizar o que ela estava se devendo. O descompromisso deixou ela mais a vontade, menos tensa e feliz...

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