segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"lá vou eu..."

Então o mundo girou para você. A vida lá fora chamou, você passou no vestibular, foi pra outro estado, fez trilhares de concursos e com a sua competência, lógico, passou em todos. Fez inveja pra muitos marmanjos, e pra muitas "marmanjas" também. Comeu metade das caipiras da cidade, namorou sério duas vezes, levou a vida de liberdades que tanto queria, muitos anseios foram cessados e com isso cresceu em você a vontade que tanto faltou enquanto estávamos juntos "como seria bom ter alguém pra dar aquele carinho", "não quero sair com meus amigos hoje, quero ver um filme com uma pessoa especial", "tô precisando de alguém que me dê valor, precisando me sentir amado"... E então você conheceu a "fulana", ela não tinha nada demais, não era bonita demais, não era legal demais, reclamava da toalha molhada, implicava com as mulheres do orkut, mas ela dava carinho e sabia cozinhar. Ela estava no lugar certo e na hora certa, apenas isso, o que uns anos não fazem com duas pessoas não é verdade? E aí você casou e teve dois filhos gordinhos parecidos com a sua mulher. Engordou, ficou calvo e não escuta mais Aerosmith. Aprendeu a dançar valsa, mas continua sem entender as letras de Chico Buarque- algumas coisas nunca mudam. E aconteceu de você me encontrar em um sites de relacionamento não muito usado pela sua mulher e fazer parte dos meus pedidos pendentes de amizade com um recado assim: lembra de mim? Como vai?
Lembro, lembro sim, graças ao giro do seu mundo eu aprendi a andar melhor sobre o meu, fiz vestibular três vezes, mas, infelizmente não passei, na quarta vez tentei outro curso e finalmente consegui, não namorei enquanto isso, porque não tinha tempo, tenho muita dificuldade em lembrar de datas e fórmulas, sabe? Mas então... Terminei minha faculdade, conheci um cara por lá, que dizia gostar de mim, mas voltou com a ex namorada na primeira oportunidade, fiquei chateada por alguns meses, senti sua falta e procurei o que fazer, essa procura me rendeu dois estágios e um bom salário pra uma louca de 21 anos, só sei que com 24 eu consegui comprar meu próprio apartamento e saí da casa da minha mãe, porque ela não deixava eu levar meninos pro meu quarto, coisas de mãe, né? Mas aí fui fazer minha pós em um estado próximo do teu e em toda festa que ia achava que poderia te encontrar por lá, nesse desespero e na decepção de não encontrar, dei pra metade daquela cidade e acabei me enrolando com um escritor e um advogado- esses tipinhos sempre me seguem. Eles dois descobriram, o escritor se encantou mais ainda por mim e o advogado me chamou de tudo menos de santa. Pensei estar grávida por duas vezes. Aprendi a beber e desaprendi cinco meses depois. Passei a curtir poesia e escutar Pink Floyd. Chorei por um ano, porque muitas amigas minhas casaram e tiveram filhos, mas nesse meio tempo resolvi viajar pra Europa, conheci todas as bibocas de lá e descobri que esse negócio de casamento e de muitos filhos, não é pra mim. Tô ganhando bem, tô feliz, tô realizada e espero que você também se sinta assim, porque enquanto o seu mundo girava, o meu estava sambando em plena Sapucaí. Tudo de bom.

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