sábado, 4 de setembro de 2010

Foi assim...

Cheguei em casa- um apartamento com sala e cozinha dividindo o mesmo retângulo- as luzes estavam apagadas e o lugar um forno, abri a porta da sacada, joguei a bolsa e os livros em cima do sofá, lembrando que se estivesse na casa dos meus avós seria motivo de briga. Bati na porta do primeiro quarto do corredor, ninguém abriu, pensei que ele deveria ter saído pra algum bacanal com os amigos e fiquei triste, porque era um daqueles dias que eu precisava de um abraço ou de alguma coisa irritante que ele fizesse, como fazer cocegas.
Me arrastei até a última porta do corredor no lado esquerdo e quando abri vi um pé branco com alguns fios amarrados, na ponta direita da cama. Ele dormia de lado por cima do edredom e do lado que eu não durmo, talvez tivesse caído no sono alí de propósito, mas me remeteu uma criança dormindo na cama dos pais, porque a cama deles é sempre mais gostosa que a nossa.
Ele, aquela mentira que depois de alguns anos algumas vezes me doía, deitado com uma mão no meu travesseiro  e com a outra segurava o meu blusão de dormir, não sabia se era saudade ou se ele, sabendo que eu não abriria mão de dormir com o blusão, queria ser acordado quando eu chegasse, mas antes mesmo que eu pudesse tentar tira-lo sorrateiramente dele, ele abriu os olhos e deu um sorriso leve, largando o blusão e estendendo a outra mão pra mim.
Deitei ao seu lado e ele me abraçou, como eu precisava, dormimos até o outro dia.

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