sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Aí...

Você sofre por aquilo e aí todo mundo olha pra você com aquela cara de pena de “eu te entendo, sei como  é isso” e aí continua doendo por um tempo e as pessoas passam a te olhar com aquela cara de “tá bom já, eu superei, você supera também”, mas aí elas te dizem “eu te entendo, sei como é isso” e aí você cala a boca, guarda pra você porque com o tempo a gente percebe que o silêncio por mais que doa ele cura e aí você mentaliza Caio Fernando de Abreu com uma certa vergonha "supere isso e, se não puder superar, supere o vício de falar a respeito" e aí engole a seco o "ah, vim aqui com o fulano uma vez", "poxa, fulano gostava tanto disso também", "essa costumava ser a nossa música" ou engole molhado das lágrimas o "Eu fiz de tudo, até o que eu prometi pra mim mesma não fazer por ninguém", "Ele me pedia confiança, brigava comigo por isso, enquanto me enganava e eu me sentia culpada por não acreditar" ou às vezes não engole um "Filho da puta, tomara que morra", "Vai ser corno, vocês vão ver" e aí você com o tempo finge que esquece, finge que perdoa, finge que foi mais uma lição de vida importante e que você mereceu e aí que é bem isso mesmo, mas quem se importa? Aí depois você de fato aprende, você de fato perdoa e de fato entende que aquilo foi uma lição de vida importante e conhece outra pessoa e aí apresenta pra outra pessoa seu novo você, cheio de novidades, de mudanças e de frustrações também... E aí com o tempo você espera que o novo fulano entenda seus limites, suas frustrações e toda sua bagagem e, bom, o fulano também espera que você entenda as decepções dele e os quetionamentos, e aí você passa a entender que não importa o quanto você mude, ou o quanto o fulano novo seja legal, ou o quanto o seu ex-fulano era um filho de uma rapariga, porque no fim das contas todo mundo não se entende, todo mundo espera ser entendido e o "se" perdura nas nossas vontades, nos nossos planos, nos nossos 15 minutos antes de dormir e talvez você um dia aprenda que o objetivo dessa presepada toda da vida é que você entenda que ninguém precisa de mais do que o suficiente pra uma coisa dar certo. Que você não precisa prometer mundos e fundos pra alguém entender que você de fato ama, que confiança a gente não pede e não dá pra ninguém ela simplesmente existe com o tempo, assim como o respeito, o companheirismo, a admiração, e aí você descobre isso, infelizmente, quase sempre tarde demais e mesmo que não descubra tarde demais as pessoas vão chegar e vão dizer "isso tá errado, mas faça o que você quiser" e o "e se" volta novamente e você endoida e aí... Aí que a história se repete, leia o começo do texto de novo.

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