segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pé de moleque.

Agora entendi porque é muito mais fácil encontrar textos que falam sobre coisas tristes, de um modo triste e dolorido. É tão mais fácil e bonito desabafar, são palavras ensaiadas de muitos dias, são tantos cheiros, toques e cores que se atrelam às coisas tristes, flui rápido.
É preto e branco, que em alguns dias se misturam e viram cinza, é clássico e básico, e simples, e intenso, e frágil.
Alegria é cor, calor, fótons de sorrisos e uma série de acontecimentos inexplicáveis que acabamos guardando para nós mesmos. Alegria me lembra Bahia, uma caixa cheia de coisas cafonas coloridas e fotos antigas.
João disse que escrevia para compartilhar, eu escrevo para deixar guardado o que pensei e outras pessoas escrevem para desabafar, mas se formos procurar algo em comum em quase todos esse textos, quase todos, encontraremos frases sentidas, algumas suaves e outras agressivas, mas que passam o mesmo ardume para quem lê.
Será a alegria algo que só serve para se sentir? É tão grande ou tão pequena que não cabe em um quadrado onde se digita?
É tão estranho como a gente pode escrever a alegria de uma forma triste, é estranho querer compartilhar, guardar, ou desabafar o ruim.
E o bom, cadê? E as pessoas que precisam saber se vão ficar bem depois de todo o ardume que sentem não só ao lerem os textos, o ardume que sentem no dia-a-dia, o ardume de terem perdido alguém, de se sentir só, de não ter nada, o ardume de arder somente, e essas pessoas vão ler o que? Já não lhes basta somente o próprio corte? Acho que não. João tem razão.
Até o modo de falar sobre alegria é doloroso, falar de uma tarde que você riu tanto que sua barriga doeu, da vez que você estava tão feliz que não conseguia parar de sorrir e ficou com as bochechas doendo...
Ai, o João tem razão. É tão mentira essa alegria escrita, falta tanta coisa nela, não sinto a doçura, nem a leveza de quando estamos felizes, de bem com qualquer coisa, não sinto a doçura em texto nenhum.
Talvez as alegrias sejam tão particulares que não nos passam o sabor real, o doce disso talvez seja subjetivo, mas o azedo é igual, todo mundo sabe, limão é limão em qualquer lugar, fel todo mundo conhece... Mel enjoa, cocada é doce demais...
Ou talvez precisamos equilibrar a felicidade e tristeza, para não ficar tão doce ou tão azedo, algo como pé-de-moleque, amendoim e açúcar.
Não, acho que não, João tem razão, não tem?
Vou deixar, por fim, a alegria em paz, acho que ela não se sente a vontade dentro desse cubinho onde escrevo, tudo bem.


2 comentários:

  1. não acredito que depois de certa idade precisamos equilibrar alegria, e tristeza.
    Tudo depois de certa idade são os dois.
    Não ha nada que não seja um completamente bom. Nem nada completamente mal.

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  2. to falando em escrever sobre isso e não na vida em si adshiudda

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